Soja

Produtores de soja querem fim de interrupção na Tietê-Paraná

A seca no Estado de São Paulo interrompeu o tráfego de barca­ças na Hidrovia Tietê-Paraná, usada para o escoamento de so­ja, uma vez que o governo está priorizando a geração de energia por causa da queda contínua do nível dos rios


Publicado em: 18/06/2014 às 09:50hs

Produtores de soja querem fim de interrupção na Tietê-Paraná

A hidrovia está baixando de nível desde fevereiro, como re­flexo de um dos verões mais quentes e secos no Estado, le­vantando temores de raciona­mento de água e de cortes na energia na Copa. Os exportado­res de Soja e os produtores são as vítimas mais recentes da seca, já que a hidrovia foi comple­tamente fechada ao tráfego de barcaças em 30 de maio.

As empresas exportadoras, in­cluindo a Cargill, disseram que precisaram contratar cami­nhões para transportar o produ­to até o Porto de Santos, princi­pal ponto de embarque de Soja.

A medida elevou os custos de transporte em 10% a 12% para quem normalmente usa a hidrovia, e os produtores estão rece­bendo menos pela Soja como re­sultado, disse Edeon Vaz, coor­denador de Logística da Associa­ção dos Produtores de Soja e Mi­lho de Mato Grosso (Aprosoja- MT), maior associação de pro­dutores da oleaginosa no País. O Brasil, maior exportador mundial de Soja, deverá embar­car cerca de 43 milhões de tone­ladas neste ano-safra.

Vaz acredita que o fechamen­to da hidrovia não era necessá­rio e a Aprosoja quer que o governo reduza a geração de ener­gia no Tietê e eleve em outros lugares. Fortes chuvas têm caí­do no Sul do País nas últimas semanas, recompondo reser­vas hidrelétricas em áreas que podem gerar mais energia para outras regiões. "Lógico que pre­cisamos de energia, mas temos visto uma super oferta de água em Itaipu. Nós poderíamos re­duzir a água usada das represas do Tietê", disse Vaz à Reuters por telefone de Brasília.

Risco

A assessoria de impren­sa da Hidrelétrica de Itaipu dis­se que a agência brasileira- paraguaia que administra a represa está recompondo seu reservatório de água para ter reserva du­rante a Copa. Parte dessa água vem dos pontos mais elevados e mais secos da Tietê-Paraná.

Os níveis dos reservatórios no Sudeste devem fechar junho em 36,4%, pouco mais da meta­de do nível de um ano atrás e um dos mais baixos em 15 anos. O governo não quer correr risco de um racionamento neste ano eleitoral. Dois terços da energia no Brasil vêm de hidrelétricas.

Enquanto isso, o calado máxi­mo da Tietê-Paraná, ou a pro­fundidade da embarcação abaixo do nível da água, estava on­tem em apenas 0,5 metro em al­gumas partes, bem abaixo dos 2,2 metros necessários à navegação comercial, disse a Secreta­ria Estadual de Logística e Transportes de São Paulo.

Luiz Fernando Horta de Si­queira, presidente do Sindicato dos Armadores de Navegação Fluvial do Estado de São Paulo, disse que o calado pode ser ele­vado a níveis navegáveis em um trecho de 8 km a 10 km se forem elevadas as reservas da Tietê- Paraná bem acima de Itaipu.

A Hidrovia Tietê-Paraná transporta 8 milhões de tonela­das em cargas por ano, incluin­do 2,5 milhões de toneladas de Soja, Milho e derivados de Soja.

Fonte: O Estado de S. Paulo

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