Soja

Produção de soja em Minas deve chegar a 4 milhões de toneladas na safra 2014/2015

A produção mineira de soja na safra 2014/15 deverá alcançar o ritmo de crescimento que havia sido projetado para 2013/2014 e que só não se concretizou devido à estiagem atípica, responsável pela queda de 10,4% na produtividade


Publicado em: 14/08/2014 às 19:40hs

Produção de soja em Minas deve chegar a 4 milhões de toneladas na safra 2014/2015

Os preços mais competitivos que outras culturas e o maior uso de sementes precoce, o que permite a implantação antecipada da segunda safra, são fatores que estimularão a produção da oleaginosa. Na safra 2013/14, a previsão da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) era de um incremento máximo de 7,3% no volume de soja, o que alcançaria 3,6 milhões de toneladas em Minas Gerais.

De acordo com o presidente da Comissão de Grãos da FAEMG, Claudionor Nunes de Morais, os investimentos no grão devem ser favorecidos ao longo da safra 2014/15.

"Em Minas Gerais, o que estamos observando é o crescimento da soja em espaços antes ocupados pelo milho e cana-de-açúcar. E isso deve ocorrer novamente em 2014/15. Não temos dados ainda sobre o quanto, mas a produção certamente será maior", afirmou.

Segundo ele, os produtores mineiros estão preparados para uma grande safra. "Além do aumento da área essa grande safra também será estimulada pela recuperação da produtividade, já que 2014 foi um ano atípico, em função da seca, e não vivíamos uma situação assim há dez anos", disse.

Ainda segundo Morais, Minas deve atingir rapidamente uma produção de 4 milhões de toneladas. A tendência é que, ao longo das próximas safras, a produção da oleaginosa seja expandida para áreas antes ocupadas pelo milho.

O uso de sementes precoces de soja - que permite que a colheita seja antecipada - vai favorecer a introdução de uma segunda safra, período em que deverá dominar o milho.

"A tendência é de um crescimento da soja na primeira safra e concentração do milho no segundo período produtivo", disse.

Preços

Em relação aos preços, a situação atual é desfavorável, uma vez que a expectativa de uma supersafra norte-americana vem provocando baixa. "A saca de 60 quilos é negociada em torno de R$ 50. Se o preço cair para R$ 40, a produção se torna inviável, mas acreditamos que isso não acontecerá. A programação dos produtores segue normalmente, já que é muito cedo para estimar o que acontecerá com os preços".

A expectativa de uma safra maior no próximo período produtivo também é a aposta do diretor de grãos da Algar Agro, Marcelo Henrique Machado, que acredita na retomada da produtividade, no aumento da área e em uma produção em 2014/15 entre 4 milhões e 4,3 milhões de toneladas da oleaginosa.

"Minas Gerais, está encerrando um ano produtivo desfavorável devido à estiagem atípica registrada nos primeiros três meses de 2014. Com isso, a produção de soja ficou bem aquém do que o setor desejava. Para 2015, nossa expectativa é que a produtividade seja recuperada e apresente pequeno aumento. Na safra 2014/15 as previsões climáticas é que viveremos um pequeno El Niño, quando a tendência é de um maior volume de chuvas. Além disso, esperamos uma expansão na área de cultivo. Minas também vem absorvendo muita tecnologia, o que reflete na produtividade e promove o aumento da safra de soja", disse Machado.

A expectativa para o preço é de redução. "No ponto de vista do produtor não será tão significativo, já que existe uma tendência de desvalorização do real frente ao dólar e, como a soja é cotada na moeda norte-americana, é provável que o reflexo não seja tão expressivo. Nas últimas semanas, os preços da soja vêm caindo, mas, em Minas Gerais, a produção, para a Algar, é viável devido à localização, à logística do Estado e às unidades fabris", explicou.

Soja Plus inicia capacitação em setembro

Os sojicultores dos principais municípios produtores de Minas poderão participar do Programa Soja Plus a partir de setembro. Lançado na sexta-feira, na FAEMG, o programa vai capacitar cerca de 400 produtores no Estado em 2014. O objetivo é levar informações sobre as legislações ambiental e trabalhista, questões sociais e financeiras, e também auxiliar os sojicultores aplicarem o que foi aprendido nas propriedades. Segundo organizadores, isso contribui para organizar a unidade, evitando problemas com a fiscalização e favorecendo a maior geração de renda.

O programa será aplicado, inicialmente, em Rio Paranaíba, Araxá, Patos de Minas, Patrocínio e São Gotardo (ambos no Alto Paranaíba), Paracatu e Unaí (no Noroeste do Estado) e Uberaba e Uberlândia (no Triângulo Mineiro). Nessas municípios estão concentrados 90% da produção de soja no Estado.

De acordo com o presidente da Faemg, Roberto Simões, a aplicação do Soja Pluso será de fundamental importância para o desenvolvimento das unidades produtoras, já que um dos maiores gargalos enfrentados pelo setor é a dificuldade de acessar as informações sobre legislação e a melhor forma de aplicá-las. A expectativa é criar programas, nos mesmos moldes, para outras atividades, como o café, pecuária de corte e leite, por exemplo.

"As ações do Soja Plus vão contribuir para que os sojicultores se atualizarem e adaptem as unidades de produção conforme á legislação exige. Os produtores ficarão menos vulneráveis às multas, as vezes descabidas, que são aplicadas no Estado por questões mínimas. Um dos resultados com a melhoria da gestão será também o ganho em receita, o que é fundamental para que os produtores participem do projeto. Também queremos levar esta estrutura para outros produtos", disse.

O Soja Plus foi desenvolvido pela Abiove (Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais) e pela Associação dos Produtores de Soja e Milho do Estado de Mato Grosso (Aprosoja-MT), que detectaram a necessidade de os produtores rurais receberem informações atualizadas sobre legislação ambiental, trabalhista, social e de boas práticas agrícolas. O programa visa à melhora gradativa e contínua da gestão da propriedade rural.

Segundo o diretor de sustentabilidade da Abiove, Bernardo Pires, os cursos começarão em setembro e abordarão os temas: saúde e segurança do trabalho, qualidade de vida e o novo Código Florestal, com foco no CAR (Cadastro Ambiental Rural) e PRA (Programa de Regulamentação Ambiental). Somente neste ano, 400 produtores passaram pelos cursos. Do total, 200 terão acesso à assistência técnica que será administrada por 30 engenheiros agrônomos da UFV (Universidade Federal de Viçosa).

"Em cada município selecionado, serão ministrados de dois a três cursos ainda neste ano. Além dos cursos, também tem a prática, fase em que 30 engenheiros agrônomos passarão dois meses em unidades selecionadas avaliando e auxiliando os produtores na melhoria das fazendas", disse Pires.

Fonte: Diario do Comércio

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