Publicado em: 03/10/2025 às 19:40hs
O mês de setembro foi marcado por desvalorização nos preços da soja tanto no Brasil quanto no mercado internacional. O recuo desestimulou as negociações internas, com produtores optando por segurar a oferta e esperar por condições mais favoráveis, ainda que os fundamentos atuais não apontem para uma recuperação imediata.
No Brasil, os preços da saca de 60 kg apresentaram queda em importantes praças de negociação. Em Passo Fundo (RS), a cotação caiu de R$ 134,00 para R$ 129,00. Em Cascavel (PR), o valor passou de R$ 135,00 para R$ 132,00. Já em Rondonópolis (MT), houve recuo de R$ 126,00 para R$ 123,00. No Porto de Paranaguá (PR), o referencial caiu R$ 4,00, fechando em R$ 136,00.
Na Bolsa de Chicago (CBOT), os contratos com vencimento em novembro recuaram 5% em setembro, encerrando o mês a US$ 10,01 ¾ por bushel. O movimento foi pressionado pelo avanço da colheita nos Estados Unidos, que ocorre sem contratempos, e pela menor demanda da China.
Outro fator que pesou foi a suspensão temporária das retenciones na Argentina, o que incentivou compradores chineses a agendar cerca de 40 cargas de soja no país vizinho, reduzindo a demanda pelo grão brasileiro e americano.
As negociações comerciais seguem no radar dos agentes do mercado. O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou que a soja será um dos principais temas em uma conversa prevista com o líder chinês, Xi Jinping, nas próximas semanas. A declaração trouxe algum alívio e estimulou movimentos de correção, após as cotações de novembro ficarem abaixo dos US$ 10 por bushel.
O câmbio também contribuiu para a queda nos preços internos. O real se valorizou 1,84% frente ao dólar em setembro, com a moeda americana encerrando o mês cotada a R$ 5,32. O movimento foi influenciado pelo diferencial de juros entre Brasil e Estados Unidos, que atraiu capital especulativo para o mercado brasileiro.
Segundo a Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove), a colheita de uma safra abundante em 2025 foi essencial para que o Brasil cumprisse seus compromissos comerciais. A entidade elevou a projeção de esmagamento após os dados acumulados até julho, o que deve garantir maior produção de farelo e óleo de soja.
“O ano trouxe elementos que confirmam um aumento do volume esmagado e, consequentemente, da oferta de derivados”, destacou Daniel Amaral, diretor de Economia e Assuntos Regulatórios da Abiove, durante a 10ª Safras Agri Week.
Para o analista Rafael Silveira, da Safras & Mercado, 2025 foi marcado por volatilidade, influenciado pelo cenário político e geopolítico global. O Brasil produziu um volume recorde, próximo de 172 milhões de toneladas, e as exportações devem atingir 105 milhões de toneladas.
A expectativa para 2026 é de nova safra recorde, próxima de 180 milhões de toneladas. A área plantada deve aumentar, mas em ritmo menor devido aos elevados custos de produção e à taxa de juros ainda em patamares altos.
Fonte: Portal do Agronegócio
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