Publicado em: 25/09/2025 às 11:30hs
O mercado da soja atravessa um período de forte volatilidade, influenciado por fatores externos e internos. Enquanto o Brasil acelera o plantio em meio a negociações lentas, a Argentina pressiona os preços internacionais com exportações intensificadas após a retirada temporária das retenciones. Já em Chicago, o movimento recente tem sido de ajustes técnicos após quedas consecutivas.
O governo argentino zerou temporariamente as retenciones (impostos de exportação) e, desde então, as vendas externas ganharam força. De acordo com a consultoria Granar, já foram registrados embarques de 2,69 milhões de toneladas de soja em grão, 4,72 milhões de toneladas de farelo e 905 mil toneladas de óleo, somando 11,46 milhões de toneladas de produtos agrícolas. O valor FOB dessas operações chega a US$ 4,18 bilhões, equivalente a 68,7% da meta de US$ 7 bilhões estipulada pelo governo.
A medida levou a China a comprar 20 carregamentos de soja, segundo a Reuters, reduzindo a competitividade do Brasil e dos Estados Unidos no curto prazo. Contudo, ainda há incerteza sobre a continuidade do benefício fiscal até 31 de outubro, diante da pressão do governo norte-americano para que Buenos Aires retome a cobrança.
No mercado interno, os preços da soja seguem pressionados. No Rio Grande do Sul, as cotações caíram em média 4,6% nos portos, ficando em torno de R$ 134,50, enquanto no interior as perdas variaram entre 2% e 3% em cidades como Cruz Alta, Passo Fundo e Santa Rosa. Em Panambi, os preços de balcão recuaram de R$ 122,00 para R$ 119,00.
Em Santa Catarina, o recuo foi de 3,3% no porto de São Francisco, com a saca cotada a R$ 135,57. Já no Paraná, o plantio acelera, mas a comercialização segue lenta: em Paranaguá, o preço foi de R$ 137,39 (-3,40%); em Cascavel, R$ 126,56 (-0,53%); e em Maringá, R$ 126,97 (-0,90%).
No Mato Grosso do Sul, os preços também apresentaram quedas moderadas: em Dourados, R$ 122,64 (-1,51%), e em Maracaju, R$ 122,64 (-2,25%). Apesar disso, o estado mantém ritmo resiliente de comercialização, consolidando-se como polo estratégico de exportações.
No Mato Grosso, maior produtor nacional, o desafio está no início do plantio sob condições climáticas adversas. Na comercialização, a estratégia predominante é a venda antecipada. Em Lucas do Rio Verde e Nova Mutum, os preços ficaram em R$ 117,19 (-1,75%), enquanto em Rondonópolis e Primavera do Leste alcançaram R$ 122,26 (-0,43%).
Após uma sequência de baixas, a soja voltou a subir na Bolsa de Chicago (CBOT) nesta quinta-feira (25). Os contratos futuros registraram avanço de pouco mais de 6 pontos, acompanhando a valorização do óleo de soja, que subiu mais de 1%, e também do farelo.
O movimento é técnico, com ajustes e realização de lucros, após a pressão vinda das exportações argentinas. Ainda assim, fatores como o avanço da colheita nos Estados Unidos e o ritmo do plantio no Brasil continuam pesando sobre as cotações.
Na quarta-feira (24), o contrato de novembro havia encerrado a sessão em queda de 0,30%, a US$ 1.009,00/bushel, enquanto o janeiro recuou 0,31%, para US$ 1.028,50/bushel.
No Brasil, a liquidez permanece baixa, com produtores retraídos e prêmios pouco atrativos nos portos. Em Passo Fundo (RS), a saca recuou de R$ 130,00 para R$ 129,00; em Santa Rosa (RS), de R$ 131,00 para R$ 130,00. Em Rondonópolis (MT), houve leve alta de R$ 124,00 para R$ 125,00, enquanto em Dourados (MS) a cotação passou de R$ 123,00 para R$ 123,50.
Nos portos, Paranaguá (PR) caiu de R$ 135,00 para R$ 134,00, e Rio Grande (RS), de R$ 136,00 para R$ 134,00.
Analistas avaliam que os produtores seguem focados no plantio e aguardam melhores oportunidades para negociar, enquanto a CBOT e o câmbio oferecem apenas suporte limitado.
O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) informou exportações líquidas de 724,5 mil toneladas de soja na semana encerrada em 18 de setembro, acima das expectativas médias do mercado. O Egito foi o principal comprador, com 166,2 mil toneladas.
No câmbio, o dólar comercial manteve estabilidade em R$ 5,3269. O Dollar Index registrou alta de 0,23%, a 98.105 pontos, enquanto os mercados internacionais operaram de forma mista.
Fonte: Portal do Agronegócio
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