Soja

Mercado da soja oscila entre incertezas globais e avanços regionais no Brasil

Enquanto os principais estados produtores registram variações nos preços e enfrentam desafios logísticos, Chicago reage a impasses entre EUA e China e influencia o comportamento das cotações domésticas.


Publicado em: 30/10/2025 às 11:10hs

Mercado da soja oscila entre incertezas globais e avanços regionais no Brasil
Panorama nacional: preços firmes e ritmo cauteloso nas negociações

O mercado de soja no Brasil apresentou variações regionais ao longo de outubro, refletindo tanto as condições climáticas quanto os fatores logísticos e cambiais. De acordo com a TF Agroeconômica, o Rio Grande do Sul mostrou sinais de recuperação produtiva, com preços firmes e ajustes positivos nos portos e no interior do estado.

Nos principais polos produtores gaúchos — como Cruz Alta, Passo Fundo, Santa Rosa e São Luiz — os preços chegaram a R$ 132,00 por saca (+0,76%), enquanto nos portos o valor atingiu R$ 142,00/sc (+1,43%). Em Panambi, no entanto, o mercado físico apresentou retração, com cotações de R$ 120,00/sc, sinalizando resistência à elevação de preços.

Em Santa Catarina, a soja também manteve firmeza, impulsionada pela eficiência logística e pelo uso crescente do corredor de exportação do porto de São Francisco do Sul, onde a saca é cotada a R$ 139,83 (+0,92%). A combinação de preços estáveis e infraestrutura eficiente reforça o papel estratégico do estado nas exportações nacionais.

O Paraná segue como referência nacional para a formação de preços. Em Paranaguá, a cotação chegou a R$ 141,45 (+0,13%), e em Cascavel, R$ 128,29 (+0,30%). Já Maringá e Ponta Grossa registraram R$ 129,15 (+0,31%) e R$ 131,85 (+0,12%), respectivamente.

No Mato Grosso do Sul, as cotações mantiveram estabilidade, com o mercado atento ao clima e aos custos de frete. Em cidades como Dourados, Campo Grande e Maracaju, a saca ficou em R$ 124,95 (+0,15%), enquanto em Chapadão do Sul, chegou a R$ 120,32 (+0,22%).

O Mato Grosso, maior produtor nacional, enfrenta dificuldades logísticas e climáticas que pressionam a safra 2025/26. As cotações oscilaram entre R$ 119,50 e R$ 120,47 por saca, com destaque para as quedas em Lucas do Rio Verde e Nova Mutum (-1,45%).

Chicago reage à retomada chinesa, mas impasse político limita ganhos

Após dias de volatilidade, os contratos futuros da soja na Bolsa de Chicago (CBOT) voltaram a subir com força, apoiados no anúncio de que a China voltará a comprar 12 milhões de toneladas de soja americana até janeiro. O compromisso inclui a aquisição de 25 milhões de toneladas anuais nos próximos três anos, dentro de um acordo comercial mais amplo entre Pequim e Washington.

Com isso, o contrato janeiro/26 registrou alta de 1,05%, cotado a US$ 11,06 por bushel. O movimento favoreceu o mercado doméstico, que tende a acompanhar o comportamento internacional.

O cenário cambial também reforçou o avanço: o dólar comercial teve alta de 0,32%, sendo negociado a R$ 5,37, o que eleva a competitividade das exportações brasileiras.

Nova queda em Chicago após encontro sem acordo entre Trump e Xi

Apesar do otimismo inicial, a quinta-feira (30) trouxe novo recuo nas cotações da soja em Chicago. A reunião entre Donald Trump e Xi Jinping, realizada na Coreia do Sul, durou menos de duas horas e terminou sem acordos concretos sobre comércio agrícola.

Os contratos de janeiro e maio caíram para US$ 10,80 e US$ 11,03 por bushel, respectivamente, devolvendo parte dos ganhos recentes.

Segundo Ronaldo Fernandes, analista da Royal Rural, “o mercado esperava anúncios mais concretos, mas o encontro resultou apenas em promessas políticas. Houve uma trégua tarifária de um ano, porém sem definição sobre compras de soja”.

O analista observa que, embora Trump tenha declarado que a China voltaria a comprar “grandes quantidades” de grãos, a falta de números e cronogramas reduziu a confiança dos investidores. “Foi mais discurso do que resultado prático”, destacou Fernandes.

Cautela domina o mercado: investidores aguardam sinais concretos da China

Na quarta-feira (29), o mercado futuro de soja já mostrava sinais de cautela. Os contratos em Chicago encerraram com variações moderadas, refletindo o comportamento de espera antes do encontro entre os líderes de EUA e China.

O contrato de novembro fechou em alta de 0,16% (US$ 1.080,25/bushel), enquanto o de janeiro recuou 0,09% (US$ 1.094,50/bushel). O farelo subiu 0,72%, e o óleo de soja caiu 0,20%.

Mesmo com a compra simbólica da estatal chinesa COFCO, que adquiriu os primeiros carregamentos da safra 2025/26, o mercado não enxergou uma retomada expressiva da demanda. As margens apertadas das indústrias chinesas e o baixo volume necessário até a colheita brasileira mantêm o setor em compasso de espera.

Com incertezas diplomáticas e pressões logísticas no Brasil, o mercado da soja segue dividido entre expectativas de recuperação e sinais de prudência nas negociações.

Fonte: Portal do Agronegócio

◄ Leia outras notícias