Publicado em: 29/09/2025 às 11:00hs
O complexo soja atravessa um momento de fortes oscilações no mercado internacional e doméstico. Entre ajustes de preços, mudanças na margem da indústria e impactos de decisões políticas externas, produtores e tradings buscam estratégias para garantir rentabilidade.
Segundo levantamento do Cepea, pela primeira vez, a participação do óleo de soja na margem da indústria esmagadora superou a do farelo. Na última semana, o óleo respondeu por 50,3% da chamada crush margin, contra 49,7% do farelo. O fenômeno está ligado à queda mais acentuada dos preços da soja em grão e do farelo, enquanto o óleo recuou de forma mais leve.
A demanda crescente por biodiesel, no Brasil e nos Estados Unidos, sustenta os preços do óleo. Já a entrada da safra 2025/26 dos EUA e a isenção temporária do imposto de exportação na Argentina aumentaram a oferta global, pressionando cotações tanto na América do Sul quanto em Chicago.
Análises da TF Agroeconômica apontam que os preços internos da soja no Brasil registraram quedas de até -3,35% no mês e -3,00% em 2025. O principal fator é a menor demanda da China no curto prazo. O país já garantiu estoques para outubro e novembro, com compras de 2,66 milhões de toneladas da Argentina e embarques brasileiros de 7,15 milhões de toneladas em setembro.
Além disso, os chineses anteciparam aquisições em agosto, o que reduziu a pressão compradora neste momento. Do lado da oferta, a Conab projeta aumento de 3,5 milhões de toneladas na produção brasileira, enquanto o USDA estima alta de 6 milhões. Esse cenário amplia a pressão baixista no mercado global.
De acordo com a TF Agroeconômica, quem realizou vendas antecipadas chegou a obter margens de até 20%. Atualmente, a lucratividade média é de 12,80%, com preços de balcão em torno de R$ 125 por saca. A consultoria recomenda não esperar por altas incertas e garantir o lucro disponível.
Além disso, especialistas orientam que os produtores adotem ferramentas digitais e envolvam os filhos na gestão do agronegócio, ampliando a visão estratégica e de longo prazo.
Na Bolsa de Chicago (CBOT), os contratos de soja abriram a semana com leves baixas, operando em US$ 10,29 (janeiro) e US$ 10,60 (maio) por bushel. Enquanto o farelo apresentou ganhos, o óleo de soja e o milho recuaram.
O mercado segue atento à falta de compras chinesas nos Estados Unidos, já que o país concentra aquisições na América do Sul, e ao avanço da colheita norte-americana. No Brasil, o plantio avança em ritmo acelerado, atingindo 4,16% da área até a última sexta-feira, contra apenas 0,54% no mesmo período do ano passado.
Traders aguardam ainda o relatório de estoques trimestrais do USDA, previsto para esta terça-feira (30).
No Rio Grande do Sul, os preços da soja caíram para R$ 133,50/saca nos portos (-0,74%), enquanto no interior oscilaram em torno de R$ 130,00. Em Santa Catarina, a ausência de dados locais reforça a dependência das referências de Chicago e dos portos do Sul, onde Paranaguá registrou R$ 134,21/saca.
No Paraná, os preços variaram entre R$ 126,71 em Maringá e R$ 133,91 em Pato Branco. Já no Mato Grosso do Sul e em Mato Grosso, os negócios seguem ancorados nos sinais externos, diante da falta de indicadores atualizados.
Na última semana, a soja encerrou em alta em Chicago, mas acumulou perdas semanais. O contrato de novembro fechou em US$ 1.013,75/bushel (+0,15%), e o de janeiro a US$ 1.033,00/bushel (+0,15%). Ainda assim, no acumulado semanal, a oleaginosa caiu -1,15%, acompanhada por retração de -5,0% no farelo e -0,86% no óleo.
O principal fator foi a suspensão temporária do imposto de exportação na Argentina, que liberou um volume adicional de vendas estimado em US$ 7 bilhões. O movimento atraiu compradores chineses, reduzindo a janela de exportações dos Estados Unidos e aumentando a pressão baixista sobre os preços.
A decisão argentina teve ainda reflexos políticos, ao reduzir a demanda pela soja americana em plena safra, pressionando um setor importante para a base eleitoral de Donald Trump. Esse cenário reforça a incerteza sobre o comportamento do mercado nas próximas semanas.
Fonte: Portal do Agronegócio
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