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Mercado da soja avança com plantio recorde no Brasil, estabilidade em Chicago e alerta para o La Niña no Sul

Enquanto o plantio ganha força em estados como Paraná e Mato Grosso, a cotação da soja mantém leve estabilidade na Bolsa de Chicago. Especialistas alertam, porém, que o fenômeno La Niña pode reduzir chuvas e impactar a safra no Sul do país


Publicado em: 07/10/2025 às 11:00hs

Mercado da soja avança com plantio recorde no Brasil, estabilidade em Chicago e alerta para o La Niña no Sul
Foto: BASF
Comercialização de soja varia entre estados brasileiros

O mercado da soja iniciou a semana com movimentos distintos entre as principais regiões produtoras do país, refletindo tanto o avanço do plantio quanto as incertezas climáticas e logísticas.

No Rio Grande do Sul, a comercialização segue lenta, conforme dados da TF Agroeconômica. Para pagamento em 15 de outubro, a saca foi cotada a R$ 136,20 no porto (+0,77%), enquanto no interior os preços giraram em torno de R$ 131,00/sc em municípios como Cruz Alta, Passo Fundo, Santa Rosa e São Luiz. Já em Panambi, o valor caiu para R$ 120,00/sc, sinalizando resistência local dos produtores às ofertas.

Em Santa Catarina, o mercado opera em compasso de espera, sem registros expressivos de negócios ou avanços no plantio. Os produtores se concentram na gestão de insumos, diante das margens mais apertadas. No porto de São Francisco do Sul, a saca da oleaginosa foi cotada a R$ 136,24 (+1,38%).

Paraná registra plantio recorde e sustenta otimismo da safra nacional

O Paraná segue como destaque da temporada, impulsionando o ritmo da nova safra brasileira. De acordo com dados de mercado, os preços variaram conforme a região: R$ 137,79/sc em Paranaguá (+1,29%), R$ 127,61/sc em Cascavel (+0,08%), R$ 127,23/sc em Maringá (+0,08%) e R$ 129,39/sc em Ponta Grossa (+0,09%).

No balcão, os preços em Ponta Grossa foram registrados a R$ 120,00/sc, com Pato Branco apresentando valorização de 1,38%, a R$ 136,24/sc. O desempenho do estado sustenta o avanço nacional da semeadura e reforça as boas perspectivas de produção, apesar das preocupações com custos e margens.

Centro-Oeste inicia safra com otimismo e desafios logísticos

No Mato Grosso do Sul, o sentimento é de otimismo moderado. Apesar da boa expectativa com o clima e o ritmo do plantio, os custos logísticos e a pressão sobre as margens exigem cautela nas vendas futuras. As cotações ficaram em R$ 123,54/sc em Dourados e Campo Grande (+1,10%), R$ 124,79/sc em Maracaju e Sidrolândia (+1,01%) e R$ 120,53/sc em Chapadão do Sul (+0,37%).

No Mato Grosso, maior produtor nacional, o mercado segue volátil. As referências indicam R$ 121,50/sc em Campo Verde, Primavera do Leste e Rondonópolis (+0,35%), enquanto Lucas do Rio Verde, Nova Mutum e Sorriso registraram R$ 117,84/sc (+1,20% a +1,86%).

La Niña pode reduzir chuvas e afetar lavouras no Sul

A Organização Meteorológica Mundial (OMM) alerta para uma probabilidade de 60% de formação do fenômeno La Niña entre outubro e dezembro de 2025, o que pode reduzir as chuvas na região Sul do Brasil.

Meteorologistas indicam que setembro e outubro ainda devem registrar volumes próximos à média, mas que, entre novembro e início de dezembro, os índices podem cair até 50% abaixo do esperado em partes do centro-sul do Rio Grande do Sul. O cenário acende o alerta entre produtores de soja, que temem prejuízos por necessidade de replantio.

Segundo Fernando Arnuti, consultor da TMG – Tropical Melhoramento & Genética, o uso de cultivares de ciclo mais longo e o escalonamento das datas de plantio são estratégias fundamentais para reduzir os impactos da irregularidade climática. “Distribuir as datas de semeadura ajuda a evitar que toda a lavoura enfrente o mesmo estresse hídrico durante fases sensíveis, como a floração”, orienta.

Soja mantém estabilidade na Bolsa de Chicago

No cenário internacional, os futuros da soja na Bolsa de Chicago (CBOT) seguem com pouca variação. Nesta terça-feira (7), os contratos registraram altas entre 1,25 e 2 pontos, com o vencimento de janeiro cotado a US$ 10,37/bushel e o de maio a US$ 10,66/bushel.

A estabilidade reflete o impacto do shutdown do governo norte-americano, que suspendeu os relatórios do USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos), e a ausência de novos desdobramentos nas relações comerciais entre China e EUA.

Na segunda-feira (6), os preços também fecharam estáveis. O contrato de novembro recuou 0,02%, a US$ 1.017,75/bushel, enquanto o de janeiro caiu 0,12%, a US$ 1.035,75/bushel. O farelo de soja recuou 0,70%, e o óleo subiu 0,73%, negociado a US$ 49,79 por libra-peso.

Mesmo com o cenário de cautela, o USDA reportou alta de 25,79% nos embarques semanais de soja dos EUA, ainda sem a participação da China. O mercado segue atento ao possível pacote de apoio governamental aos produtores norte-americanos e à evolução do plantio brasileiro, que avança em ritmo acelerado — com cerca de 9% da área total já semeada, acima da média dos últimos anos.

Fonte: Portal do Agronegócio

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