As chuvas previstas para fevereiro e março forçam os produtores de Mato Grosso a acelerar a colheita da soja. Com parque de máquinas renovado, eles pretendem avançar o mais rápido possível na retirada da produção do campo nos próximos dias para evitar perdas, apurou a Expedição Safra Gazeta do Povo, que iniciou nesta semana a sondagem pelo estado, líder nacional na produção da oleaginosa.

Até agora, a colheita soma 1,5 milhão das 26,5 milhões de toneladas de soja previstas para a atual temporada. Desde o plantio, o clima tem sido favorável e o rendimento pode até ser recorde, conforme os técnicos do Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea). Eles cogitam produtividade de uma saca por hectare além da inicialmente prevista. Para superar os resultados recordes de 2010/11, são necessárias 53 sacas por hectare.

Aguaceiros

Entretanto, a previsão é que regiões como a de Sorriso tenham dois terços a mais do que o normal de chuva em fevereiro e até o dobro em março. O volume extra pode passar de 100 milímetros de chuva por mês. E, se as colheitadeiras não varrerem as lavouras, há risco de perdas e de problemas no escoamento da produção.

“Se colher com umidade, haverá perdas no armazém e custo maior de secagem. Quem não conta com estrutura de armazenagem e tem pressa no transporte acabará pressionando os preços do frete”, observa Daniel Latorraca Ferreira, gestor técnico do Imea. O problema maior será se a produção ficar no campo sob a chuva.

A discussão será aprofundada nesta terça-feira num encontro envolvendo a Federação da Agricultura de Mato Grosso e os produtores de grãos em Campo Novo do Parecis (Oeste). O agrometeorologista Marco Antonio dos Santos, da Somar Meteorologia, vai detalhar as previsões que indicam excesso de precipitações para o estado.

A Expedição Safra acompanha a mobilização dos produtores e segue para a região de Sorriso, no Médio-Norte. Serão percorridas ainda as regiões Nordeste, Centro-Sul e Sudeste.

Apesar da tendência de colheita concentrada, o Imea espera que a sobrecarga logística seja menor neste ano. Isso porque a exportação do milho de inverno está sendo encerrada mais cedo do que no ano passado. Além disso, as vendas da soja estão 15 pontos atrás do índice registrado nesta época de 2013.

A Expedição Safra vai percorrer nas próximas duas semanas outros cinco estados produtores de grãos: Mato Grosso do Sul, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. As viagens abrangem 14 estados brasileiros, além de Argentina, Paraguai, Uruguai e três países da África: Angola, Moçambique e África do Sul.

Acompanhe a Expedição em www.expedicaosafra.com.br

Vendas

Meta é melhorar média de preços em R$ 2 por saca

Os produtores de soja de Mato Grosso esperam salvar as lavouras das chuvas e também elevar a média de preços alcançada até agora. Segundo o Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea), 55% da produção foram vendidos, 15 pontos a menos do que nesta época do ano passado. E a cotação que prevalece é a de R$ 45 por saca – R$ 2/sc a menos do que a alcançada na safra passada.

O setor não conseguiu aproveitar os melhores momentos para comercialização observados nos últimos meses, depois de ter garantido cobertura para os custos no início da temporada. Os preços da oleaginosa estão em queda no estado neste início de ano. As cotações variam de R$ 50 a R$ 55 e, apesar de não estimularem um movimento forte de vendas, são consideradas atraentes. Perto de 7% da produção foram vendidos nesse patamar, após desvalorização de até 20% em um mês. Para os técnicos do Imea, o avanço da colheita tende a pressionar os preços, principalmente se for confirmada produtividade recorde.