Publicado em: 21/11/2024 às 09:30hs
A agricultura brasileira, particularmente no setor de soja, está vivenciando uma transformação impulsionada pela inovação tecnológica, que tem remodelado a forma como o país cultiva e colhe suas safras. Com o Brasil consolidado como o maior produtor mundial de soja, a implementação de novas tecnologias se torna essencial para garantir a competitividade no mercado global, ao mesmo tempo que o setor enfrenta desafios como as mudanças climáticas e a busca por práticas mais sustentáveis.
A safra de soja 2024/25 representa um exemplo claro de como a tecnologia pode ser uma aliada fundamental na superação de desafios e na maximização das oportunidades. A agricultura de precisão, uma das principais inovações adotadas, permite que os produtores monitorem e gerenciem suas lavouras de forma mais eficiente, utilizando tecnologias como drones, sensores de solo, satélites e softwares de análise de dados. Esses instrumentos fornecem informações detalhadas sobre as condições das áreas cultivadas, como umidade, saúde das plantas e até a presença de pragas e doenças.
Em Mato Grosso, o estado líder na produção de soja, a agricultura de precisão tem sido fundamental para otimizar o uso de insumos, como fertilizantes e defensivos agrícolas. Em vez de aplicar esses produtos de forma indiscriminada, os produtores agora podem direcionar os recursos apenas às áreas que realmente necessitam de intervenção, economizando recursos e reduzindo o impacto ambiental. Esse manejo mais preciso também contribui para o aumento da produtividade, sem comprometer a saúde do solo e das plantas.
A crescente utilização de drones também tem mostrado resultados positivos. Esses dispositivos são capazes de mapear grandes áreas em minutos, oferecendo imagens detalhadas que auxiliam os agricultores na tomada de decisões sobre irrigação, aplicação de insumos e até no momento ideal para a colheita. Essa gestão mais eficiente tem se traduzido em redução de custos e aumento da produtividade, um avanço significativo para as grandes fazendas de Mato Grosso.
Outro ponto importante é o desenvolvimento de cultivares geneticamente modificadas, que são mais resistentes a condições climáticas adversas, como a seca prolongada e a irregularidade das chuvas, desafios que afetam principalmente as regiões produtoras de soja, como Mato Grosso e o Matopiba (Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia). A biotecnologia tem permitido a criação de sementes que suportam períodos de seca, pragas e doenças, garantindo uma produção estável mesmo em cenários difíceis. Empresas e instituições de pesquisa, como a Embrapa, têm investido no melhoramento genético dessas cultivares para garantir a continuidade do aumento da produtividade.
Com as previsões climáticas indicando secas mais frequentes, a irrigação inteligente tem se tornado uma prática cada vez mais comum entre os produtores de soja. Tecnologias como o gotejamento e pivôs centrais automatizados, controlados por sensores, permitem uma distribuição de água mais eficiente, atendendo exclusivamente às áreas que necessitam de irrigação. Além de promoverem o uso sustentável da água, esses sistemas podem ser monitorados e ajustados remotamente, gerando economia e redução de custos operacionais.
A sustentabilidade também está no centro dessa revolução tecnológica. O uso de tecnologias que permitem a aplicação precisa de fertilizantes e defensivos agrícolas tem ajudado a minimizar o impacto ambiental, com a redução da contaminação do solo e dos recursos hídricos. Além disso, práticas como o plantio direto, que mantém a cobertura do solo com restos de culturas anteriores, estão sendo amplamente adotadas para conservar a umidade e prevenir a erosão. Essa técnica também aumenta a retenção de carbono, colaborando na mitigação das mudanças climáticas.
O uso de energia renovável nas operações agrícolas, como painéis solares para alimentar equipamentos e sistemas de irrigação, tem se popularizado, reduzindo a dependência de combustíveis fósseis. Essas práticas sustentáveis não são apenas uma exigência ambiental, mas também uma demanda crescente do mercado internacional, que exige que os produtos atendam a rigorosos padrões ambientais.
O futuro da produção de soja no Brasil está cada vez mais ligado ao avanço dessas tecnologias. A integração de inteligência artificial, machine learning e big data promete levar a agricultura de precisão a um novo nível, permitindo que decisões sejam tomadas com base em análises preditivas. A automação da colheita também está se tornando uma realidade, o que pode reduzir a dependência de mão de obra e aumentar a eficiência das operações. Esses avanços são essenciais para que o Brasil mantenha sua competitividade no mercado global, especialmente à medida que a demanda por alimentos e biocombustíveis continua a crescer.
Fonte: Portal do Agronegócio
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