Publicado em: 03/09/2024 às 11:50hs
A consultoria StoneX avaliou que a safra de soja do Brasil para o ciclo 2024/25 deve atingir um recorde de 165,04 milhões de toneladas, mantendo a previsão divulgada no mês passado, apesar das dificuldades enfrentadas pelo início do plantio. O clima seco atual no país, o maior produtor e exportador de soja do mundo, está dificultando o início das atividades agrícolas.
Embora a estimativa de safra represente um aumento de 10,8% em relação ao ciclo anterior, a recuperação das produtividades após problemas climáticos na temporada passada está em risco. O plantio de soja normalmente começa em setembro, após a chegada das primeiras chuvas, mas o padrão de seca predominante está dificultando a situação.
Ana Luiza Lodi, especialista de inteligência de mercado da StoneX, destacou que "para alcançar esse potencial, o clima precisa ficar dentro da normalidade". A consultoria alertou que, com a seca predominante na maior parte da região produtora, as previsões indicam chuvas muito localizadas nas próximas duas semanas. Mesmo com algumas regiões terminando o vazio sanitário (período durante o qual o plantio de soja é proibido para controlar a ferrugem da soja), será desafiador aproveitar esta janela antecipada devido às condições secas.
O vazio sanitário impede o plantio de soja por pelo menos 90 dias para conter a propagação do fungo da ferrugem, que exige altos investimentos em fungicidas. Esse período ajuda a reduzir a pressão da doença nas lavouras.
De acordo com o calendário de plantio, parte do Paraná já poderia estar plantando soja desde domingo, e o Mato Grosso, o maior produtor nacional, está liberado para plantar a partir de 7 de setembro. No entanto, as áreas não irrigadas da região central podem enfrentar dificuldades devido ao atraso nas chuvas esperadas.
Após um agosto "extremamente quente" com "baixíssimos" índices pluviométricos, a previsão para setembro indica uma repetição das condições secas em grande parte do país. Marco Antonio dos Santos, agrometeorologista da Rural Clima, afirmou que "a tendência de setembro é uma repetição do que aconteceu em agosto", com chuvas mais concentradas no Sul e tempo muito seco nas regiões centrais e Sudeste.
Os modelos climáticos sugerem que as chuvas podem começar a se regularizar somente na última semana de setembro, mas mesmo assim, há indicações de um novo período de seca. Segundo Santos, "a consolidação do regime de chuvas no Brasil deverá ocorrer a partir de meados de outubro em diante", com expectativas de precipitações mais abundantes quando o regime se estabilizar.
Um atraso no plantio de soja não deve afetar significativamente a safra, mas pode impactar a segunda safra de milho, que é plantada após a colheita da soja. A StoneX projetou um aumento de menos de 1% na área plantada devido aos preços pressionados e à perspectiva de ampla oferta global, mantendo a expectativa de 46,5 milhões de hectares para a safra 2024/25.
No que diz respeito às exportações, a StoneX revisou sua previsão para 2024, elevando a estimativa de 92 milhões para 93,5 milhões de toneladas, refletindo o ritmo aquecido registrado até o momento. Para 2025, a projeção de exportações é de 102 milhões de toneladas. No entanto, a consultoria adverte que os embarques podem enfraquecer nos próximos meses devido à queda na oferta de soja após as perdas de safra. No ano passado, o Brasil exportou um recorde de 101,87 milhões de toneladas.
Fonte: Portal do Agronegócio
◄ Leia outras notícias