Publicado em: 12/12/2025 às 17:30hs
O mercado global da soja encerrou a semana sob forte pressão baixista, reflexo das dúvidas sobre o ritmo das compras da China e da projeção de uma safra cheia na América do Sul. As incertezas impactaram diretamente as cotações na Bolsa de Chicago (CBOT), resultando em um mercado interno travado, com produtores brasileiros retidos nas vendas e priorizando o avanço do plantio à espera de preços mais atrativos.
Embora os Estados Unidos tenham registrado novas vendas de soja para a China nos últimos dias, os analistas seguem céticos quanto ao cumprimento integral do acordo firmado entre Pequim e Washington no final de outubro.
O compromisso previa a aquisição de 12 milhões de toneladas até o fim de 2024, mas o prazo foi postergado para fevereiro de 2025, levantando dúvidas sobre a efetiva concretização do volume.
O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) divulgou, na última terça-feira (10), seu relatório mensal de oferta e demanda (WASDE), que frustrou as expectativas do mercado ao manter praticamente inalteradas as projeções para a safra americana de 2025/26.
Segundo o órgão, a produção norte-americana deve atingir 4,253 bilhões de bushels — o equivalente a 115,74 milhões de toneladas —, com produtividade média de 53 bushels por acre.
Os estoques finais ficaram projetados em 290 milhões de bushels (7,89 milhões de toneladas), abaixo das apostas do mercado, que esperava 309 milhões de bushels (8,41 milhões de toneladas).
As exportações seguem estimadas em 1,635 bilhão de bushels, e o esmagamento interno em 2,555 bilhões, sem mudanças em relação a novembro.
Para a temporada 2024/25, o USDA prevê estoques de passagem de 316 milhões de bushels, com exportações projetadas em 1,882 bilhão e esmagamento de 2,445 bilhões de bushels.
A produção mundial de soja em 2025/26 foi estimada em 422,54 milhões de toneladas, contra 427,15 milhões em 2024/25.
Os estoques finais globais devem somar 122,37 milhões de toneladas, ligeiramente abaixo da previsão do mercado (122,8 milhões) e também inferiores aos 123,24 milhões esperados para 2024/25.
Entre os principais produtores, o USDA manteve o Brasil com 175 milhões de toneladas em 2025/26 e 171,5 milhões em 2024/25. Já a Argentina deve colher 48,5 milhões de toneladas na nova temporada, ante 51,11 milhões na anterior.
As importações chinesas permanecem projetadas em 112 milhões de toneladas para 2025/26 e 108 milhões para 2024/25, sem alterações em relação ao relatório anterior.
No Brasil, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) divulgou o 3º levantamento da safra 2025/26, estimando uma produção de 177,12 milhões de toneladas, o que representa alta de 3,3% em relação à temporada anterior (171,48 milhões).
A área plantada deve alcançar 48,94 milhões de hectares, aumento de 3,4% na comparação com o ciclo anterior (47,35 milhões). Já a produtividade média foi calculada em 3.620 kg por hectare, levemente inferior aos 3.622 kg/ha de 2024/25 — uma retração de 0,1%.
De acordo com a Conab, chuvas irregulares no início do plantio atrasaram os trabalhos nas regiões Centro-Oeste, Norte e Nordeste, além de Minas Gerais.
“Na primeira quinzena de novembro, as precipitações na Região Sul permitiram um grande avanço na área plantada. Já a partir da segunda quinzena, as chuvas se normalizaram nas demais regiões, permitindo avanço significativo na semeadura”, informou o órgão.
Com a oferta global em expansão e dúvidas persistentes sobre a demanda chinesa, o cenário segue de pressão sobre os preços internacionais. No Brasil, a comercialização deve permanecer lenta nas próximas semanas, enquanto os produtores acompanham as condições climáticas e aguardam melhoras nas cotações antes de retomar as vendas.
Fonte: Portal do Agronegócio
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