Publicado em: 13/01/2025 às 10:55hs
A China alcançou um volume histórico de importações de soja em 2024, em meio às crescentes preocupações com as tensões comerciais entre Pequim e Washington. Dados alfandegários divulgados na última segunda-feira revelam que o país, maior importador mundial de oleaginosas, adquiriu 105,03 milhões de toneladas de soja, representando um aumento de 6,5% em relação a 2023.
Este recorde anual foi impulsionado por uma combinação de fatores. Os preços reduzidos da soja na bolsa de Chicago, margens de esmagamento favoráveis no início do ano e temores de uma possível guerra comercial entre os dois países levaram compradores chineses a acelerarem suas compras de soja norte-americana. Segundo Rosa Wang, analista da JCI, uma agroconsultoria baseada em Xangai, esses aspectos foram determinantes para o aumento.
Apesar do desempenho anual positivo, dezembro apresentou uma leve queda de 0,2% em relação ao mesmo período de 2023, totalizando 7,94 milhões de toneladas. Este resultado também ficou abaixo das expectativas de analistas, que projetavam um volume de 8,2 milhões de toneladas, marcando o menor número em quatro anos. Segundo Wang, a desaceleração pode ser atribuída às demoras no desembaraço aduaneiro.
Nos últimos meses de 2024, os importadores chineses priorizaram a aquisição de soja dos Estados Unidos, mesmo diante de alternativas mais econômicas, como a soja brasileira. O movimento visava mitigar os riscos de uma eventual imposição de tarifas pelo presidente eleito Donald Trump, que prometeu alíquotas de até 60% sobre produtos chineses. Especialistas alertam que tal medida pode desestabilizar o comércio global, elevar custos e provocar retaliações comerciais.
Comerciantes chineses têm se preparado para cenários adversos, diversificando fornecedores e ampliando estoques. Contudo, a BMI Research destaca que a ampla oferta de soja e as margens de esmagamento desfavoráveis devem reduzir a demanda futura por importações norte-americanas, mesmo sem uma guerra comercial formalizada.
As margens de esmagamento de soja em Rizhao, um dos principais centros de processamento da China, têm sido negativas desde novembro. A última perda registrada foi de 225,04 iuanes (30,69 dólares) por tonelada processada, indicando desafios econômicos para o setor.
A presidência de Trump pode reacender tensões comerciais, mas a queda projetada na demanda chinesa por soja dos EUA pode atenuar os impactos nos preços globais, conforme concluiu a BMI Research.
Fonte: Portal do Agronegócio
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