Soja

GRÃOS: Pressão à vista sobre as margens do sojicultor

O produtor que não efetivar logo a venda da soja que colheu nesta safra 2018/19 terá margens mais pressionadas que o desejado neste ano


Publicado em: 13/06/2019 às 09:20hs

GRÃOS: Pressão à vista sobre as margens do sojicultor

Estudo elaborado pelo banco holandês Rabobank mostra que, mesmo que as cotações permaneçam em alta na bolsa de Chicago, o que é pouco provável dado o excesso de oferta do grão, o câmbio tende a pressionar os preços em real.

Cenário político-econômico - Nesse aspecto, o que mais pesa é o imponderável que cerca o cenário político-econômico. Novidades sobre a tão aguardada Reforma da Previdência e novos tuítes tanto do presidente brasileiro Jair Bolsonaro quanto do seu homólogo americano Donald Trump podem fazer o dólar despencar ou alçar voos.

Retração do dólar - Na visão de Victor Ikeda, analista do Rabobank, o mais provável é que haja retração do dólar ante o real, refletindo a aprovação da Reforma da Previdência. O último boletim do Banco Central (BC) com estimativas do mercado aponta para dólar em R$ 3,80 ao fim do ano.

Produção americana - Com relação à produção americana, que será prejudicada pelo excesso de chuvas, a dúvida é qual será o tamanho do tombo. A tendência é que não seja grande o suficiente para elevar os patamares de preços para além dos US$ 9 por bushel (27,2 quilos) em Chicago. Como a janela de clima ideal para a semeadura da oleaginosa nos EUA vai até meados de junho, existe uma grande chance de ocorrer uma redução de área plantada menos expressiva que o previsto inicialmente.

Queda - "Eu acredito em uma queda de até 2,4 milhões de hectares em relação ao ano passado [36,3 milhões de hectares]", disse Ikeda. A última pesquisa de intenção de plantio do Departamento de Agricultura dos EUA (USDA) apontou para 34,2 milhões de hectares.

Mercado - E o mercado segue bem abastecido de soja. A perspectiva do USDA é que o ciclo 2018/19 termine com 113 milhões de toneladas de soja no mundo, 14,1% mais que ao fim do ciclo 2017/18. "Considerando na conta uma queda do consumo de soja pela China em decorrência da peste suína, é provável que as cotações em Chicago fiquem entre US$ 8,60 e US$ 8,80 o bushel", afirmou Ikeda.

Armazenagem - O estudo do Rabobank calculou também custos de armazenamento da soja. Em Mato Grosso, Estado que responde por 30% da produção brasileira, os custos operacionais estimados para a safra 2018/19 foram de R$ 2.535 por hectare, com produtividade média de 56 sacas por hectare, resultando em custo operacional de R$ 45,30 a saca de 60 quilos, de acordo com informações do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea). O custo de armazenagem no Estado do Centro-Oeste, apontou o Rabobank, estão entre R$ 1,50 e R$ 2,00 por saca.

Valor - Ao analisar os números levantados, o estudo mostra que a soja precisaria ficar na casa dos R$ 70,50 a saca nos próximos 6 meses para que uma eventual comercialização em novembro tenha resultados melhores para as margens que os obtidos com os atuais patamares de preços balcão da soja em Sorriso (MT).

Proteção - "O produtor que queira vender no segundo semestre terá de adotar alguma proteção para as volatilidades de mercado", disse Ikeda. Segundo ele, há muito tempo que não compensa manter o produto físico armazenado. "Isso faz sentido na Argentina, que tem uma inflação assustadora e uma variação cambial muito grande", afirmou.

Fonte: Portal Paraná Cooperativo

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