Publicado em: 06/03/2024 às 12:00hs
A Consultoria Agro do Itaú BBA observa uma série de desvalorizações para o farelo e o óleo de soja no início de 2024, impulsionadas pela perspectiva de aumento na oferta global desses produtos e pela queda nos preços internacionais da soja. A redução nos preços globais reflete-se também nos valores internos, conforme dados da Secex, que indicam um significativo aumento nas exportações de farelo de soja pelo Brasil nos dois primeiros meses do ano.
O farelo de soja, em Chicago, experimentou uma queda de 11,8% em janeiro, seguida por uma diminuição de 4,6% em fevereiro. O óleo, por sua vez, apresentou quedas menos intensas, registrando decréscimos de 4,6% e 3,6% em janeiro e fevereiro, respectivamente. A expectativa de aumento no esmagamento global, resultando em maior oferta, e a previsão de uma grande safra de soja na Argentina, principal fornecedor global de derivados, continuam a exercer pressão sobre as cotações.
No mercado interno, os preços do farelo em Rondonópolis acumularam desvalorização de 12,2% em janeiro e fevereiro, enquanto o óleo, no Mato Grosso, teve quedas de 1,8% e 5%, respectivamente, no mesmo período. As exportações de farelo estão 23% acima do primeiro bimestre do ano passado, ao passo que as do óleo registram uma redução de 75%, com embarques 110 mil toneladas abaixo do mesmo período de 2023. Para atender ao B14, a expectativa é que o consumo interno de óleo de soja cresça 25% este ano, alcançando 8,4 milhões de toneladas.
A margem de processamento, mais favorável em janeiro e fevereiro, alcançou 24%, superando os cerca de 19% observados no final de 2023. O biodiesel também apresentou movimentos de alta em fevereiro, impulsionados por mudanças nos estoques chineses de farelo e óleo de soja, bem como pela elevação dos preços médios do biodiesel no Brasil. Com o B14 entrando em vigor em março, as usinas têm direcionado esforços para contratações antecipadas, limitando a oferta disponível para o mercado físico e indicando um cenário de valorização para o biocombustível ao longo do ano.
A Índia, maior importadora global de óleos vegetais, busca reduzir sua dependência de importações de óleo de 60% para 30% nos próximos cinco anos. O governo indiano planeja elevar a produção local de oleaginosas como parte desses esforços, enquanto o país importa óleo de soja do Brasil, Argentina, Rússia e Ucrânia. O cenário global, marcado por mudanças nos estoques chineses e a possível ocorrência do fenômeno La Niña, também influencia as tendências futuras no mercado de derivados da soja.
Fonte: Portal do Agronegócio
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