Soja

EXPEDIÇÃO SAFRA: Indianos demonstram avanço na pesquisa de soja

Jornalistas e técnicos que integram a Expedição Safra continuam na Índia, onde chegaram na semana passada, cumprindo um roteiro de visitas pelas principais regiões produtoras do país


Publicado em: 29/08/2013 às 18:20hs

EXPEDIÇÃO SAFRA: Indianos demonstram avanço na pesquisa de soja

Na terça-feira (27/08), em Indore, a equipe esteve na DRS Directory Research of Soybean, que é responsável pela pesquisa de soja. A empresa foi fundada em 1967 e corresponde à Embrapa no Brasil. “Na visita aos campos de experimentação, foi possível compreender que os trabalhos de pesquisa estão bem avançados e semelhantes aos dos três principais players neste mercado em termos de produção, que são o Brasil, Estados Unidos e Argentina”, disse o analista técnico e econômico do Sistema Ocepar, Robson Mafioletti, que participa da viagem à Índia. “Mas o desafio maior é em relação à transferência de tecnologia. Há ainda outros problemas envolvidos, como o tamanho das propriedades, a mecanização agrícola e solos com baixo teor de matéria orgânica”, acrescentou ele.

Produtividade – Mafioletti relata ainda que, na Índia, a produtividade atual da soja é de 1.500 quilos por hectare e, segundo os pesquisadores, a médio prazo a meta é alcançar duas mil toneladas por hectare. Já o potencial de expansão de aérea permite passar dos atuais 10,7 milhões de hectares cultivados atualmente para até 18,0 milhões de hectares nos próximos 10 anos, dependendo mercado da soja e dos concorrentes em algodão, arroz e trigo.

Processadores e tradings - Ainda em Indore, a equipe visitou uma entidade denominada Sopa, que congrega processadores e tradings. Fundada em 1979, conta atualmente com 350 sócios. O setor industrial tem uma capacidade instalada para processar 25 milhões de toneladas por ano para uma produção atual inferior a 15 milhões de toneladas por ano. A entidade também produz sementes e distribuem aos produtores com objetivo de melhorar as produtividades.

Embaixada brasileira - Na quarta-feira (28/08), a Expedição Safra esteve na Embaixada Brasileira, em Nova Deli. “Foram apresentados os desafios existentes no sentido de compreender a complexidade da Índia para se realizar negociações com outros países. Na verdade, o grande negócio ocorre no setor petrolífero. O Brasil vende petróleo bruto para os indianos e importa produtos refinados, sendo o principal o óleo diesel. Em 2012, a balança comercial foi favorável ao Brasil, em US$ 500 milhões. Nós exportamos US$5,5 bilhões e importamos US$ 10,0 bilhões dos indianos”, afirma Mafioletti.

Dados - Nos primeiros seis meses de 2013, as exportações brasileiras totalizaram US$ 1,4 bilhão, sendo que o petróleo bruto somou US$ 631 milhões, o açúcar US$ 328 milhões e o óleo de soja US$ 137 milhões. Já as importações brasileiras foram de US$ 3,5 bilhões, sendo que óleo diesel atingiu US$ 2,4 bilhões, seguido do setor têxtil e de defensivos agrícolas, com menos de US$200 milhões. “Outro desafio para exportar aos indianos são as elevadas tarifas de importação que eles aplicam para aves e açúcar, que chega a 100%, e a 35% no óleo de soja”, ressalta o analista da Ocepar.

Cooperativas - Nesta quinta e sexta-feira (29 e 30/08), o grupo ser reúne com representantes de três organizações cooperativas da Índia: NCUI, IFFCO e a NAFED - National Agricultural Cooperative Marketing Federation of India.

Fome – Mafioletti destaca ainda que, na última terça-feira (27/08), o parlamento indiano aprovou a Food Security Bill, uma lei nacional de segurança alimentar que pretende reduzir a fome na Índia.  Segundo dados da UN Agency, 25% da população mundial vive abaixo da linha de pobreza e, de acordo com Banco Mundial, a Índia, que possui 1,2 bilhão de habitantes, representa 1/3 dos pobres no mundo.  “Vão ser gastos cerca de US$ 20 bilhões por ano para garantir alimentos a baixo custo para a população indiana, como arroz, trigo, feijão, lentilha, entre outros”, completou o técnico.