Soja

Dólar Favorável para Fixação de Custos da Soja, Segundo Biond Agro

Moeda americana acima de R$5,40 cria oportunidades para fixação de preços, apesar das baixas em Chicago


Publicado em: 19/07/2024 às 11:55hs

Dólar Favorável para Fixação de Custos da Soja, Segundo Biond Agro

Apesar das recentes baixas nas cotações de Chicago, o dólar permanece cotado acima de R$5,40, um dos maiores patamares para julho. Essa elevação é impulsionada pela redução da inflação nos EUA, que caiu para 0,1% em junho e desacelerou para 3% na análise anual. A desaceleração da inflação tem levado o mercado a especular sobre uma possível redução na taxa de juros na reunião de setembro do FOMC.

Outro fator que contribui para a alta do dólar é o tom mais conciliador adotado pelo Governo Federal em relação à política fiscal. Na semana passada, o governo anunciou um corte de R$26 bilhões no orçamento de 2025.

Impacto do Dólar Alto no Custo da Soja

O custo da soja, assim como o do milho, é composto por vários fatores: Chicago, Prêmio, Custo e Câmbio. O custo inclui frete, armazenagem e outros encargos, todos calculados em reais. No entanto, o preço final é convertido para dólares por tonelada, tornando um dólar forte benéfico para a fixação de preços.

Por exemplo, se o custo é de R$400 por tonelada, com um dólar a R$5,00, o custo é de US$80 por tonelada. Com o dólar a R$5,40, o custo cai para US$74,07 por tonelada, favorecendo a valorização da saca. "Em ambos os cenários, a única alteração é o câmbio. Esse fator pode melhorar o preço em cerca de R$9,20 por saca. O produtor deve ficar atento para não vender sua produção com preço fechado, mas sim por componentes, aproveitando os melhores momentos de cada um deles. Com essa estratégia, o seu preço final será ainda melhor", afirma Felipe Jordy, líder de inteligência da Biond Agro.

Situação Atual em Chicago e Mercado de Milho

Recentemente, as cotações da soja em Chicago caíram mais de 50 pontos, devido ao peso dos fundamentos de mercado. Segundo dados do USDA, os estoques americanos de soja estão perto de 128 milhões de toneladas, um aumento em relação a safras anteriores, sinalizando uma oferta superior à demanda e, consequentemente, uma pressão sobre os preços. Além disso, uma possível vitória de Trump nas eleições dos EUA pode intensificar a guerra comercial com a China, o que continuaria pressionando Chicago.

O mercado de milho, por sua vez, experimentou baixas consecutivas nas últimas semanas, mas atualmente passa por uma recuperação técnica, observando atentamente a demanda global, embora ainda esteja em um patamar baixo.

Evolução do Prêmio

Enquanto Chicago enfrenta quedas, o prêmio não acompanhou o movimento de baixa. Historicamente, quando Chicago caía, o prêmio se valorizava. No entanto, para vencimentos de 2025, o prêmio subiu cerca de 10 pontos, enquanto Chicago perdeu mais de 50 pontos. Isso se deve a dois fatores: primeiro, os compradores estão posicionando suas operações e não veem motivo para pagar um prêmio maior. Segundo, a expectativa de uma grande safra brasileira, estimada entre 160 e 170 milhões de toneladas, contribui para um maior equilíbrio no mercado.

"Este é um bom momento para fixar custos neste patamar cambial. Ao fixar o componente cambial, o produtor assegura sua logística para a safra futura, que pode enfrentar problemas e alta demanda, caso uma safra recorde se confirme. É essencial, no entanto, estar atento aos prêmios, mesmo com a possível vitória de Trump, que pode influenciar o cenário. Com a previsão de uma safra recorde no Brasil, os compradores estão ajustando suas posições", conclui Jordy.

Fonte: Portal do Agronegócio

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