Publicado em: 18/12/2024 às 11:45hs
O Brasil continua sendo o maior produtor mundial de soja, mantendo essa posição há quatro anos consecutivos, com mais de 70% de sua produção destinada à exportação. Até novembro de 2024, o país alcançou US$ 42,08 bilhões em vendas externas, com a safra 2024/25 já ocupando 90% da área prevista, segundo dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). No entanto, o avanço da ferrugem asiática representa um desafio crítico para a produtividade da soja no país.
A ferrugem asiática, causada pelo fungo Phakopsora pachyrhizi, está presente em todas as regiões produtoras de soja do Brasil e pode reduzir a produtividade em até 90%. O ciclo da doença começa com a dispersão dos esporos produzidos nas plantas hospedeiras durante a entressafra, que são transportados pelo vento e se depositam nas folhas da soja. Quando as condições de temperatura (entre 18°C e 26°C) e umidade (com molhamento foliar por pelo menos seis horas) são favoráveis, os esporos germinam e o fungo penetra na folha, comprometendo sua saúde e produtividade.
Os sintomas mais comuns incluem pequenas manchas nas folhas, que evoluem para lesões de coloração cinza, castanha ou marrom, especialmente na face inferior das folhas. Além disso, surgem pequenas saliências chamadas urédias, semelhantes a bolhas, e ocorre desfolha precoce, prejudicando o desenvolvimento dos grãos. Cada urédia pode gerar esporos por até 21 dias, disseminando a infecção para outras áreas da lavoura ou para regiões mais distantes. Ao fim do ciclo, o fungo pode sobreviver nas plantas de soja, nas guaxas ou tigueras, e até em cultivos sob irrigação.
O controle da ferrugem asiática é desafiador devido à alta variabilidade genética do fungo. A principal medida para combatê-lo é o controle químico. Segundo Fábio Kagi, gerente de Assuntos Regulatórios do Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Defesa Vegetal (Sindiveg), a escolha do fungicida adequado e a aplicação no momento certo são essenciais para garantir sua eficácia e evitar a resistência do patógeno. O monitoramento constante das lavouras também é fundamental para identificar precocemente a doença e permitir uma resposta rápida.
Além disso, práticas como a alternância de soja com outras culturas, a remoção de plantas voluntárias e a adoção do vazio sanitário (com pelo menos 60 dias sem soja no campo durante a entressafra) ajudam a reduzir a incidência do fungo. O ajuste da área semeada de acordo com a capacidade de pulverização e a manutenção de uma adubação equilibrada também são medidas importantes. A semeadura concentrada no início da época recomendada para cada região e o espaçamento adequado entre as plantas favorecem o desenvolvimento da soja e aumentam a eficácia dos fungicidas.
Outro desafio enfrentado pela soja brasileira é a podridão das raízes, causada por patógenos como o Phytophthora sojae e o Fusarium spp. A podridão das raízes pode resultar em grandes perdas, causando apodrecimento das sementes e morte das plantas. A prevenção inclui o uso de variedades resistentes, boa drenagem do solo, rotação de culturas e a aplicação de fungicidas específicos. Melhorar a drenagem e evitar o uso excessivo de nitrogênio são medidas adicionais para combater as infecções causadas pelo Fusarium.
“Manter o monitoramento contínuo da lavoura e agir rapidamente ao identificar os primeiros sinais de doenças são atitudes essenciais para garantir a saúde da soja e a rentabilidade da produção”, conclui Kagi.
Fonte: Portal do Agronegócio
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