Publicado em: 19/12/2025 às 19:00hs
O ritmo das compras de soja pela China nos Estados Unidos tem sido o principal fator de influência no mercado global do grão nas últimas semanas. Desde o anúncio do acordo comercial entre Pequim e Washington, no fim de outubro, o volume negociado entre as duas maiores economias do mundo passou a ditar o comportamento dos preços futuros na Bolsa de Chicago, impactando também a comercialização doméstica.
De acordo com levantamento da Safras & Mercado, com base nos dados do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), a China adquiriu 4,787 milhões de toneladas de soja em grão desde o fechamento do acordo. Considerando as vendas classificadas como destinadas a “destinos não revelados” — que, segundo analistas, podem estar relacionadas ao país asiático —, o total chega a 5,583 milhões de toneladas.
Esses números divergem das informações divulgadas pela agência Bloomberg, que citou fontes próximas ao acordo indicando que a China teria garantido ao menos 7 milhões de toneladas de soja americana. Caso confirmado, o volume atual representaria menos da metade do compromisso firmado, inicialmente estimado em 12 milhões de toneladas até o final de 2025, prazo posteriormente estendido para fevereiro.
Para o analista da Safras & Mercado, Rafael Silveira, os dados oficiais não sustentam a estimativa apresentada pela Bloomberg. “O número veiculado não condiz com os reportes oficiais. Se as vendas estivessem em 7 milhões de toneladas, o mercado não estaria caindo desse jeito”, explicou.
O movimento das cotações reflete essa percepção. A partir da segunda quinzena de outubro, com a expectativa de assinatura do acordo entre os dois países, o contrato de janeiro da soja na Bolsa de Mercadorias de Chicago iniciou uma trajetória de valorização expressiva, passando de US$ 10,29 por bushel em 15 de outubro para US$ 11,57 em 17 de novembro, um avanço superior a 12%.
Com o ritmo das compras abaixo do esperado, o mercado iniciou um processo de correção. Na manhã de 19 de dezembro, o contrato de janeiro era negociado a US$ 10,49 por bushel, praticamente retornando aos patamares observados em 21 de outubro e devolvendo quase toda a alta acumulada no período entre 15 de outubro e 17 de novembro.
Fonte: Portal do Agronegócio
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