Publicado em: 24/06/2025 às 18:40hs
De acordo com o relatório Agro Mensal, divulgado pela Consultoria Agro do Itaú BBA, os preços da soja na Bolsa de Chicago (CBOT) registraram a segunda alta consecutiva em maio, com continuidade do movimento positivo nos primeiros dias de junho. O principal fator de suporte foi a valorização do óleo de soja, que apresentou forte avanço em função de expectativas ligadas ao setor de biocombustíveis.
Entre 1º e 16 de junho, a soja acumulou alta de 0,5%, chegando a US$ 10,51 por bushel. A valorização do óleo decorre da possibilidade de aumento no percentual obrigatório de biodiesel nos Estados Unidos, com metas superiores ao esperado para os próximos dois anos. Essa mudança pode elevar significativamente a demanda por óleo de soja no país.
Outro fator que contribuiu para o fortalecimento do óleo de soja foi o aumento das tensões geopolíticas entre Israel e Irã, o que influenciou a alta do petróleo. Essa elevação do petróleo refletiu diretamente nos preços do óleo vegetal, ampliando seu impacto positivo sobre a soja em grão.
Apesar da recuperação em Chicago, o mercado interno brasileiro registrou queda nos preços da soja em maio, pressionado pela valorização do real frente ao dólar e pela redução dos prêmios de exportação. Em Paranaguá (PR), o valor da saca caiu 1,4%, encerrando o mês em R$ 133.
Entretanto, na primeira quinzena de junho, o avanço em Chicago e a retomada nos prêmios reverteram parcialmente o cenário, elevando o preço em Paranaguá para R$ 134/saca, uma alta de 1%.
Em maio, o Brasil exportou 14,1 milhões de toneladas de soja em grão, volume 8% inferior ao de abril, mas ainda 5% superior ao registrado no mesmo mês de 2023. Essa desaceleração é considerada normal para o período, uma vez que os embarques tendem a atingir o pico em abril e recuar nos meses seguintes.
Mesmo com a queda mensal, o acumulado entre janeiro e maio alcançou 51,5 milhões de toneladas, um recorde para o período, superando em 2,7% o volume exportado no mesmo intervalo do ano anterior.
O mercado internacional da soja segue sensível às políticas americanas de biocombustíveis, às condições climáticas nas lavouras e aos dados de área plantada nos Estados Unidos.
O Departamento de Agricultura dos EUA (USDA) manteve inalterada, no relatório de junho, a estimativa de produção da safra 2025/26 em 118,1 milhões de toneladas. Apesar disso, a expectativa é de redução nos estoques finais, o que pode tornar o balanço americano mais apertado e reduzir a margem para perdas de produtividade.
A produtividade média estimada pelo USDA permanece em 3,5 toneladas por hectare (equivalente a 58,8 sacas/ha). Contudo, as condições das lavouras estão abaixo do observado no mesmo período do ano passado, e qualquer revisão negativa na produção pode impactar os preços futuros.
A elevação das metas de mistura obrigatória de biocombustíveis para 2025, 2026 e 2027 nos EUA, aliada à intenção de limitar o uso de matérias-primas importadas como óleo de cozinha usado da China e sebo do Brasil, deve aumentar a demanda por óleo de soja doméstico. Isso tende a estimular o esmagamento do grão e pode gerar pressão altista sobre os preços, tanto do óleo quanto da soja em grão.
Até o final de junho, o USDA deve divulgar o relatório trimestral com os números atualizados da área plantada nos Estados Unidos. Esse dado será crucial para o mercado, pois uma área menor pode acentuar a pressão sobre os estoques americanos, mesmo com o plantio ocorrendo em ritmo adequado e clima até agora favorável.
O relatório Agro Mensal do Itaú BBA destaca que, apesar da valorização do grão na Bolsa de Chicago, os preços internos da soja seguem impactados por fatores como câmbio e prêmios de exportação. A demanda por óleo de soja, impulsionada por mudanças no programa de biocombustíveis dos EUA, tem sido o principal suporte do mercado internacional, enquanto as atenções se voltam para o clima e os dados de área plantada no país norte-americano.
Fonte: Portal do Agronegócio
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