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AGÊNCIA DE RISCO: Moody's deve rever rating do Brasil em algum momento do ano que vem

A Moody’s deverá reavaliar o rating soberano brasileiro só no ano que vem, quando o novo governo terá assumido a Presidência


Publicado em: 01/10/2018 às 18:00hs

AGÊNCIA DE RISCO: Moody's deve rever rating do Brasil em algum momento do ano que vem

A Moody’s deverá reavaliar o rating soberano brasileiro só no ano que vem, quando o novo governo terá assumido a Presidência, segundo Samar Maziad, vice-presidente e analista sênior da Moody's Investors Service. A agência de classificação de risco alterou a perspectiva do Brasil em abril de negativa para estável e manteve a nota em ‘Ba2’.

Elementos - Samar, que participou de evento da agência em São Paulo, afirmou que, em geral, a Moody’s considera três elementos para avaliar o rating soberano: fortalecimento econômico, lado fiscal e vulnerabilidade externa. Ela destacou, no entanto, que um ponto importante para a avaliação do rating é a capacidade das instituições em enfrentar crises e implementar políticas para lidar com choques.

Congresso - Segundo a analista, o próximo governo não deve ter um forte suporte no Congresso por causa da polarização no cenário político e terá de negociar com a oposição. Mas isso vai depender muito da composição da nova casa. “O ponto é como será a dinâmica com o Congresso e habilidade de aprovar a continuidade das reformas”, afirmou.

Continuidade - Hoje, o cenário-base de perspectiva estável do rating do Brasil considera uma certa continuidade da atual política de ajuste fiscal, afirma Samar. “A perspectiva de rating estável contempla clareza das políticas comprometidas com agenda de reformas”, disse a analista. “Não estou falando que não vai ter algumas revisões, mas o importante é ver a tendência”, acrescentou.

Previdência - A analista da Moody’s espera, por exemplo, que alguma reforma da Previdência seja aprovada, como parte da estratégia para reverter a dinâmica da dívida brasileira, que é alta e tem custo elevado. “Os gastos obrigatórios são altos”, apontou.

Teto de gastos - Quanto à questão da retirada do teto de gastos, proposta por alguns candidatos à Presidência, como Fernando Haddad (PT), Samar afirmou que será importante ver como ficará a realocação dos gastos. “O importante é que a dívida não cresça”, explicou.

Preocupação - Ela afirmou que a rigidez de gastos é uma preocupação no médio prazo. Quando a reforma da Previdência for aprovada, segundo Samar, o governo vai começar a economizar, mas haverá um período de transição.

Crescimento da dívida - A analista da Moody’s ainda espera uma tendência de crescimento da dívida, mas o ritmo vai depender do crescimento da economia e da taxa de juros. Com a Selic em patamar moderado, o custo da dívida deve se manter moderado.

Volatilidade financeira - Contudo, a polarização política traz volatilidade financeira, o que pode afetar os preços dos ativos e requerer uma resposta monetária. “A dinâmica política pode ter efeitos negativos para preços de ativos e investimentos”, disse.

Cenário disuptivo - Ela alertou ainda que um cenário disruptivo, em que todas as políticas são revertidas, teria efeito negativo para a política fiscal e, consequentemente, para o rating. Além disso, uma maior dificuldade na relação do governo com o Congresso poderia trazer uma queda da confiança dos investidores. “Será importante ver a capacidade do próximo governo de negociar com o Congresso”, disse.

Contas externas - Samar ressaltou, contudo, que não vê risco na parte das contas externas do Brasil, por conta da baixa exposição a financiamento externo do país comparado com outros países da América Latina e de uma base diversificada dos investidores detentores da dívida local.

Fraqueza fiscal - “As contas externas mitigam o risco para o Brasil, mas o problema do país é a fraqueza fiscal”, reiterou Samar. Ela mencionou que as reservas brasileiras, hoje em US$ 380,7 bilhões, e os investimentos estrangeiros diretos são suficientes para cobrir os vencimentos de dívida.

Fonte: Portal Paraná Cooperativo

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