Soja

Rentabilidade – Qual o retorno sobre o investimento em ambientes de alta produtividade de soja?

Os últimos dois anos, 2020 e 2021, estão sendo marcados no âmbito agrícola pela alta rentabilidade registrada na cultura da soja


Publicado em: 08/09/2021 às 08:20hs

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A desvalorização cambial e o aumento do preço da soja negociado na Bolsa de Chicago (CBOT) tem sido os principais fatores que estão levando o sojicultor brasileiro a obter lucros extraordinários nesta atividade. 

É verdade que os custos de produção registraram incrementos significativos também. Segundo dados do Instituto Mato-Grossense de Economia Agrícola (IMEA), os custos de produção operacional (sementes, fertilizantes e defensivos) registraram um aumento de 20,2% para o cultivo da safra 2021/22 em relação ao custo verificado na safra anterior.

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Importante ressaltar que, apesar de demonstrarmos o aumento do custo por hectare, o correto a ser analisado é o custo por saca/produzida. Neste contexto, a produtividade tem um efeito enorme sobre a conta final, ou seja, quanto mais produtivo for a área, maior a rentabilidade a ser alcançada.

Nas constatações do CESB, observamos claramente esse comportamento. Ao analisarmos os dados, na média, os campeões de produtividade CESB produziram 113, 2 sacas/ha e obtiveram um retorno financeiro bruto sobre o real investido de R$ 3,2. Por outro lado, produtores médios produziram 58,5 sacas/ha e alcançaram um retorno financeiro bruto para cada real investido de apenas R$ 1,8. Em uma análise comparativa de proporção, esses números representam que os produtores campeões CESB tiveram uma produtividade e um retorno financeiro médio de 47,9% e 40,3% a mais, quando comparados com os produtores médios. Assim, refletindo a sustentabilidade e rentabilidade, na ótica produzir mais utilizando menos recursos ou utilizando os recursos de forma bem distribuída. 

A busca pelo aumento da produtividade é o pilar básico para o crescimento da rentabilidade. Em diversos momentos, quando o custo de produção apresenta um crescimento expressivo, muitos produtores tentam reduzir o pacote tecnológico empregado com o intuito de ter um menor gasto despendido por hectare. No entanto, esse tipo de decisão afeta a produtividade e, o resultado final é de um custo mais alto por saca/produzida. 

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Nesse contexto, entendemos que a rentabilidade e a produtividade apresentam uma relação direta e que, é o resultado do saber sobre o ambiente de produção que está trabalhando e a melhor tecnologia a ser empregada, no âmbito prático e de viabilidade. Conciliando as duas estratégias, os resultados tanto na esfera produtiva quanto de retorno financeiro tornam possível e serão maiores, quanto maior for a assertividade das ações no sistema produtivo. Isso se confirma com os resultados dos produtores campeões do CESB, onde na média de duas safras a diferença produtiva e de retorno financeiro bruto sobre o real investido foram de 47,9% e 40,3% respectivamente, quando comparado com resultados de produtores médios, conforme já apresentado em discussões anteriores neste artigo.  

Sabendo da importância produtiva na rentabilidade, obter patamares produtivos elevados exige uma conjunção de fatores climáticos e agronômicos. Nesse contexto e nesta ordem, prever as condições climáticas (temperatura, precipitação etc) e ao mesmo tempo aproveitar as boas condições de clima e/ou amenizar seus efeitos adversos através de manejos direcionados no âmbito: material genético (mais adaptado e estável para a região de produção),  preparo do solo (correção e adubação em superfície e subsuperfície), rotação de culturas (diversidade de cultura com foco na cobertura e no efeito das raízes no solo), qualidade de semente (alto porcentagem de germinação e vigor), plantabilidade (sem falhas e sem plantas duplas), nutrição mineral de plantas (adubação de sistema), pragas e doenças (controle preventivo e utilização de combo tecnológico) e qualidade das práticas agrícolas é uma ótima estratégia para obter o sucesso produtivo com sustentabilidade e rentabilidade, conforme o foco deste artigo. 

Por óbvio, o produtor não pode moldar o clima às suas necessidades, mas pode utilizar tecnologias que eliminem ou mitiguem os efeitos adversos e nesse sentido, são os detalhes e os cuidados desde o planejamento até a comercialização da produção que fazem a diferença no sucesso da atividade do produtor, como também do agro no Brasil como um todo. 

O CESB foi criado com o objetivo de oferecer um ambiente regional e nacional que estimule sojicultores e consultores técnicos a desafiar seus conhecimentos incentivando o desenvolvimento de práticas de cultivo inovadoras. O comitê é composto por 22 membros e 30 entidades patrocinadoras: Basf, Bayer, Syngenta, UPL, FMC, Jacto, Mosaic, Superbac, Corteva, Instituto Phytus, Eurochem Fertilizantes, ICL, ATTO Sementes, Stoller, Timac Agro, Brasmax, Stara, Datafarm, Viter, Somar Serviços Agro, Ubyfol, Fortgreen, KWS, Yara, Sumitomo Chemical, HO Genética, FT sementes, Biotrop, Koppert e IBRA.

Além do tradicional Desafio Nacional de Máxima Produtividade da Soja, que reúne produtores, consultores e pesquisadores em prol da implementação de novas técnicas e práticas de manejo da soja, o CESB realiza uma série de outras ações que visam o incremento da produtividade média da sojicultura nacional de maneira sustentável e rentável para seus participantes e sociedade. Uma destas iniciativas é o Máster em Tecnologia Agrícola (MTA Soja), primeiro curso de pós-graduação em soja. Organizado pelo CESB, em parceria com a Elevagro, o curso terá conteúdo abrangente, contemplando boas práticas e altas produtividades. A previsão é que as matrículas estejam abertas já no segundo semestre deste ano. Mais informações pelo telefone: (15) 3418.2021 ou pelo site www.cesbrasil.org.br.

  • Leonardo Sologuren - Membro e Presidente do CESB
  • João Pascoalino - Coordenador Técnico e de Pesquisa do CESB

Fonte: Ação Estratégica

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