Pragas e Doenças

Técnicos do programa fitossanitário da Bahia defendem área de refúgio superior à recomendada pelas empresas

A eficiência de variedades transgênicas no combate ao ataque de pragas tem sido menor do que os produtores esperavam


Publicado em: 05/06/2014 às 18:40hs

Técnicos do programa fitossanitário da Bahia defendem área de refúgio superior à recomendada pelas empresas

As empresas atribuem essa menor eficiência aos casos em que os produtores não fazem o refúgio conforme o recomendado, mas especialistas divergem sobre o tamanho ideal dessa área de refúgio. No oeste baiano, técnicos que fazem parte do Programa Fitossanitário do Estado defendem o plantio da área de refúgio em um percentual superior ao sugerido pelas empresas que produzem sementes transgênicas.

A safra 2013 foi para Roni Reimann, produtor na cidade de Luis Eduardo Magalhães, a pior da história por causa da Helicoverpa armígera, lagarta até então desconhecida do agricultor brasileiro. A praga quase fez o agricultor desistir de plantar algodão já que o custo com aplicações de inseticidas para controlar a lagarta chegou a quase R$ 8.000,00 por hectare. O algodão colhido rendeu quase a metade deste valor. Só no Estado da Bahia, sem contar outras regiões produtoras, a helicoverpa causou mais de R$ 2 bilhões em prejuízos. Roni conta que não dá para baixar a guarda.

“Já notamos que a helicoverpa pode estar sobre controle agora e daqui quatro ou cinco dias ter um estouro populacional. Infelizmente não dá para baixar a guarda até o dia em que você colhe”, diz.

Buscando alternativas, muitos produtores adotaram a tecnologia “Bt”, geneticamente modificada e resistente a pragas. Mas, para que ela funcione, é preciso adotar a chamada área de refúgio.

“ O refúgio é fundamental para produção de mariposas não resistentes a esta tecnologia que vão se acasalar com as mariposas que se por acaso forem selecionadas dentro da área da cultura Bt, que mantendo a não resistência dos insetos”, afirma Sergio Abud, pesquisador da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa).

A multinascional Monsanto, empresa que detem a tecnologia, recomenda uma área que varia entre 5% a 20%. A discussão ganhou força em maio do ano passado quando 10 pesquisadores brasileiros e um australiano redefiniram o conceito de refúgio. para milho e algodão 20% no mínimo e para soja pelo menos 50% de refúgio.

Na próxima quinta, dia 5, os produtores têm uma reunião em Brasília na Câmara Setorial do Algodão e uma portaria deve ser elaborada definindo a questão.

“ Estamos tentando convencer algumas lideranças nacionais, dentre eles o próprio ministro da Agricultura, de que isto é importante. É uma questão de segurança alimentar, segurança nacional preservar estas proteínas Bt. Se formos irresponsáveis e não preservar, se seguirmos a recomendação que hoje a Monsanto está fazendo contrariando toda classe profissional, o Brasil daqui quatro anos não vai ter nenhuma proteína Bt eficiente”, afirma Celito Breda, coordenador técnico do programa Fitossanitário da Bahia.

Fonte: Assessoria Aiba

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