Em outubro de 2013, o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (SENAR) lançou um vídeo para informar os produtores rurais sobre as características e formas de controlar a Helicoverpa armigera, praga que gerou perdas bilionárias em praticamente todo o Brasil. Agora, a entidade está preparando um novo material com informações técnicas para auxiliar os agricultores no uso do Manejo Integrado de Pragas (MIP).

O MIP é uma das ferramentas mais eficazes para controlar a entrada e a proliferação de pragas em ambientes desequilibrados. A base do manejo integrado é o monitoramento para identificação da praga alvo em função do momento da cultura e da sucessão de plantios anteriores e posteriores. Os tipos de controle de praga previstos pelo MIP são: controle cultural, controle biológico, controle comportamental, controle genético, controle varietal e controle químico. Outro princípio fundamental para que o MIP apresente resultados é o monitoramento permanente da praga, não apenas em uma cultura ou plantio, mas em toda a sua propriedade e nas de seus vizinhos.

“De nada vale disponibilizar uma tecnologia se você não tiver esclarecimento para o produtor de como e quando ele deve usar. As tecnologias são colocadas como opção economicamente viável para o detentor da tecnologia, mas deveria ser colocadas como uma opção de ferramenta para o manejo da cultura. É aí que entram a Embrapa, o SENAR e todas essas instituições que tem o compromisso com o produtor e com a agrosociedade brasileira, esclarecendo sobre como nós devemos utilizar esses produtos”, ressalta Sérgio Abud, supervisor da área de transferência de tecnologia da Embrapa Cerrados.

O vídeo está sendo produzido em parceria com a Embrapa e, além de ser utilizado em cursos do SENAR e disponibilizado para Sindicatos Rurais, cooperativas e no portal da entidade, será usado na segunda etapa da Caravana Embrapa de Alerta às Ameaças Fitossanitárias, que irá percorrer o País a partir de outubro. Hoje, o SENAR-PI já desenvolve o curso Formação Básica de Monitores de Praga – ênfase na Helicoverpa armigera para ajudar os produtores rurais a enfrentar os problemas causados pela praga.

Segundo Abud, o cenário é altamente propicio para a multiplicação de pragas nos grandes polos de produção e de cultivo intensivo brasileiros. As condições climáticas, que possibilitam o cultivo e a multiplicação de pragas durante o ano inteiro, associadas ao comportamento generalista das lagartas e percevejos e à dificuldade de manejo das ervas daninhas tornam o controle fitossanitário um desafio permanente para os produtores rurais.

“As pragas estão sendo combatidas com as mesmas tecnologias e esses produtos químicos acabam afetando os inimigos naturais, causando um desequilíbrio ecológico. É um cenário extremamente complicado sob o ponto de vista da sustentabilidade social, econômica e ambiental”, alerta.

O que o produtor deve fazer

No atual momento em que está ocorrendo a transição das lavouras de algodão para soja em algumas regiões do Brasil, o pesquisador da Embrapa Cerrados recomenda que os agricultores levantem as informações recomendadas pelo MIP e monitorem as áreas próximas das lavouras. Se for constatada a presença de alguma praga, deve ser feita a dissecação da palhada para diminuir a oferta de alimentos e evitar a “ponte verde” (sucessão de culturas que mantém plantas verdes no campo como oferta de alimento para as pragas). Em casos específicos pode ser indicado o uso de produtos seletivos que reduzam o impacto sobre os inimigos naturais. Outra dica é fazer o plantio em uma janela mais curta.

Em um país de clima tropical e de altas produtividades como é o caso do Brasil, o aparecimento de pragas nas culturas é algo comum e natural, diferentemente com o que ocorre em países de clima temperado, onde no inverno toda atividade biológica das pragas é suspensa pelo frio rigoroso. Portanto, o produtor rural deve aprender a conviver com as pragas existentes e ser capacitado para mantê-las abaixo do nível de dano econômico nas lavouras. “Aqui, a conscientização e a internalização do manejo integrado de pragas de forma profissional, responsável e técnica é o que vai fazer com que a gente consiga conviver com essas pragas por um período mais longo” declara.

Assista ao vídeo sobre a Helicoverpa armigera produzido pelo SENAR: http://www.senar.org.br/noticias/videos/senar-informa-produtores-sobre-como-se-defender-da-helicoverpa-armigera