Publicado em: 03/09/2014 às 12:30hs
Uma planta daninha resistente e extremamente agressiva está preocupando produtores de cana no Brasil. O capim camalote compete com fatores de crescimento da cana, roubando água, luz e nutrientes do solo até que a planta seque completamente. Em plantações onde não se faz nenhum controle, a queda de produtividade chega a 80%. Por seu potencial altamente destrutivo e o controle feito de forma complexa, em casos extremos há a possibilidade de perda total da cultura.
Antes limitado a áreas canavieiras do estado de São Paulo e Sul do país, estudiosos já registram seu alastramento para o Triângulo Mineiro e até para o Cerrado. Há casos de cidades em que a infestação já ultrapassou os 50% da plantação, como Goianésia (55%) e Igarapava (64%). No interior de São Paulo, o capim camalote já chegou a regiões como Ribeirão Preto (7%), Jaú (5%), Lençóis Paulista (5%), Porto Ferreira e Pirassununga (4%).
Em outros estados produtores de cana, como Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Paraná, essa espécie também tem causado preocupação aos produtores. No Mato Grosso, estima-se que a planta daninha esteja presente em 80% dos canaviais. No Mato Grosso do Sul, em aproximadamente 35% (na divisa com Paraná e São Paulo). No Paraná, ela predomina na região norte, com maior presença detectada em Londrina, infestando mais de 10% da área de cana.
A planta do camalote pode atingir de um metro a um metro e meio de altura, ocupa um metro quadrado, e é capaz de produzir por volta de 16 mil sementes. Outro fator preocupante diz respeito às condições que os trabalhadores enfrentam para efetuar o corte manual da cana. A planta adulta do camalote tem micro agulhas em suas folhas, como pequenas farpas. Quando o trabalhador a toca, sua pele fica cheia delas, provocando inchaço nas mãos, braços e pernas; coceira; e dor intensa.
Origem
Quando agricultores brasileiros importaram sementes de arroz da Colômbia, há cerca de 30 anos, mal sabiam que, misturadas a elas, estavam trazendo também sementes de uma planta exótica extremamente perigosa para a cana-de-açúcar, e que viria a afetar de forma grave a produção de etanol e de açúcar, causando imensos prejuízos aos usineiros do país.
As sementes de arroz naquela época possuíam um perfil antigo, não ecológico, e o próprio controle de entrada no Brasil não era tão rigoroso. Isso possibilitou que as sementes do capim camalote, planta daninha “caminhadora” e muito agressiva, se espalhassem pelas plantações de cana de forma acelerada, já que não encontraram qualquer inimigo natural em seu caminho.
Fonte: Assessoria de Imprensa Romualdo Venâncio
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