Publicado em: 19/11/2013 às 14:50hs
Nativas do continente americano, as formigas cortadeiras podem se tornar um sinônimo de prejuízo para a produção agrícola. Somente no Paraná, já foram catalogadas inúmeras espécies dessas formigas. Eucaliptos, pinus e cana-de-açúcar são as culturas que mais sofrem com a presença desses insetos. Porém, já há relatos de fortes ataques em café, feijão e até mesmo em soja e trigo. As formigas cortam as plantas, reduzindo o seu potencial de crescimento.
Louro Morales, entomologista do Instituto de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater) e especialista em formigas, explica que as espécies quenquéns e saúvas são as mais encontradas no Estado, tendo um alto poder destrutivo. Segundo Morales, o número de infestações tem aumentado bastante, principalmente por causa do desmatamento, que ajuda a eliminar os inimigos naturais desses insetos, como os tatus, os pássaros, entre outros.
O especialista revela que até pouco tempo atrás não se ouvia falar de infestação no Norte do Paraná. Porém, hoje, o cenário é bem diferente. "Já vi formigas cortando soja em uma plantação na região de Londrina", preocupa-se. De setembro a outubro é quando ocorre o período das revoadas, momento em que as formigas fazem o acasalamento.
O entomologista afirma que, se nada for feito, um formigueiro grande tem a capacidade de comprometer até 20% de um pasto. "Já em eucaliptos, principalmente em áreas que acabaram de ser reflorestadas, as formigas podem comprometer todas as plantas jovens", lamenta. Em um eucalipto grande, a infestação chega a reduzir o porte da árvore. Morales completa que um formigueiro tem a capacidade de fazer uma panela de até um metro de profundidade.
Intervenção
Morales destaca que a presença de um só formigueiro em uma determinada área já é motivo de intervenção. "Até nas áreas urbanas, quando há a presença das formigas cortadeiras, deve haver o controle. O combate da formiga é importante porque, na cidade, durante a revoada, as novas rainhas, que possuem asas, podem chegar facilmente à zona rural, formando uma nova colônia."
Por meio de iscas contendo inseticidas, produtos facilmente encontrados em casas agrícolas, o produtor irá colocar uma dose indicada pelo fabricante perto do formigueiro. "Elas carregam para o interior da panela e envenenam a colônia", salienta. Para Morales, produtores e poder público devem se conscientizar em relação ao controle da praga, incluindo a eliminação das colônias em beiras de estradas.
Surpresa
Há anos dedicando-se ao estudo das formigas cortadeiras, Morales afirma que o fato de ter encontrado as cortadeiras em terra roxa foi uma surpresa para ele. Esse tipo de solo possui uma consistência mais firme, o que dificulta a construção da panela. Mesmo assim, elas não se intimidaram. Já no Noroeste paranaense, onde o solo é arenoso, é mais fácil construir as colônias. "Na região do arenito, por exemplo, há animais e até mesmo roda de tratores que caem dentro das panelas formadas pelos insetos."
No seu ciclo reprodutivo, a rainha coloca os ovos que darão origem, naquela colônia, às novas rainhas, machos e também às operárias. Uma rainha pode chegar a viver até 15 anos. Para manter-se fora dos perigos externos, a rainha encontra-se geralmente no centro do formigueiro. As formigas se alimentam de um fungo. Para mantê-lo vivo e em constante crescimento, elas utilizam restos de plantas e outros tipos de materiais.
Fonte: Folha Web
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