Pragas e Doenças

MT perde 1,5 bilhão de dólares por causa da ferrugem asiática

Os compromissos firmados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) ainda não foram cumpridos


Publicado em: 13/05/2013 às 16:40hs

MT perde 1,5 bilhão de dólares por causa da ferrugem asiática

A ferrugem asiática é a principal doença que atinge as lavouras de soja no Brasil. O Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea) estima que somente em Mato Grosso os prejuízos diretos provocados pela ferrugem na safra 2012/2013 alcançaram cerca de US$ 1,5 bilhão, o que equivale a 40 milhões de sacas. No Brasil, as perdas nos últimos 10 anos já somam US$ 25 bilhões. Os dados foram apresentados pela Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso (Famato) e a Associação dos Produtores de Soja de Mato Grosso (Aprosoja-MT) na audiência pública realizada quinta-feira (09/05), na Comissão de Agricultura e Reforma Agrária (CRA), do Senado. O objetivo da sessão foi debater impactos socioeconômicos da ferrugem asiática nas plantações de soja no Brasil. O autor do requerimento para realização do debate foi o senador Blairo Maggi.
 
A ferrugem asiática, causada pelo fungo Phakopsora pachyrhizi, provoca a desfolha precoce da planta impedindo a completa formação dos grãos, o que gera redução na produtividade. Entre as dificuldades relatadas pelo produtor rural e representante da Famato, Silvésio de Oliveira, que substituiu o presidente da Famato Rui Prado na sessão, está o aumento da resistência das plantas à doença nos últimos anos. “Os impactos da ferrugem não ficam apenas nas lavouras de soja. Os prejuízos atingem a cadeia toda que está direta e indiretamente ligada à produção de soja. Afeta, por exemplo, os setores de aves, suínos, na geração de empregos, arrecadação tributária, balança comercial, entre outros”, exemplificou Oliveira.
 
Os compromissos firmados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) ainda não foram cumpridos. Para o combate da ferrugem, existem atualmente dois novos princípios ativos de agroquímicos para serem liberados pela Anvisa. “Queremos que o governo e os órgãos reguladores sejam mais ágeis na liberação de substâncias cada vez mais eficientes no combate às doenças que geram impactos negativos para as lavouras. Além disso, as indústrias também precisam investir mais em pesquisa. A Famato e a Aprosoja continuarão empenhadas em alertar sobre a importância desse tema”, avaliou o diretor executivo da Famato, Seneri Paludo.
 
A audiência serviu para esclarecer dúvidas e fazer com que as três entidades responsáveis em conduzir as análises dos agroquímicos – a Anvisa, Ibama e o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) – mantenham o compromisso de dar celeridade aos processos. Foi discutida também a necessidade de criar um novo marco regulatório para discutir a liberação dos agroquímicos. “Este novo marco regulatório estabeleceria os novos processos de análises das moléculas e deixaria os procedimentos para a liberação mais ágeis”, explica Paludo.
 
O senador Blairo Maggi destacou que os leigos no assunto precisam entender os riscos de fazer agricultura num país essencialmente tropical, como o Brasil. “Nossa principal reivindicação é para a rapidez na aprovação. O Ibama e a Anvisa dizem que têm protocolos internacionais para serem seguidos. Eu vou procurar me informar sobre como são esses procedimentos fora do país. Acho que podíamos tentar mais por similaridade produtos que já foram licenciados, que têm um vasto tempo de uso nos seus países, que não têm recomendação contrária e nós pudéssemos aproveitar um pouco disso”, opinou o senador.
 
O pesquisador e representante da Aprosoja na audiência, Tadashi Yorinore, alertou para a importância das práticas agronômicas e rotação de culturas, assim como maior participação e eficiência da assistência técnica no campo. “Nossa agricultura está vulnerável pela vulnerabilidade do solo e dependência que temos de produtos importados. É importante ser realista e, acima de tudo, com conhecimento. Temos que superar essas deficiências”, destacou Yorinore.

Fonte: Assessoria de Comunicação do Sistema FAMATO

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