Publicado em: 04/12/2013 às 12:50hs
A praga está chegando aos frutos da nova safra de soja, o ciclo 2013/14, e pode ser um dos maiores limitadores do potencial produtivo e ser determinante para a margem de lucro do produtor. As perdas estão sendo observadas - especialmente nas lavouras de ciclo mais precoce e que atualmente estão próximas dos seus 90 dias - mas ainda não há uma cifra para dimensionar o peso do ataque da lagarta e tão pouco estimar o que ela vai abocanhar da produtividade e do lucro até o final da safra.
Há exatamente dois meses, o Diário, por meio de informações repassadas pelo coordenador da Comissão de Defesa Sanitária Vegetal do Ministério da Agricultura (CDSV/Mapa), Wanderlei Dias Guerra, confirmava a existência desse gênero de lagarta nas lavouras mato-grossenses de soja. O que impunha estado de alerta na região de Sapezal (470 quilômetros ao noroeste de Cuiabá), como para todo o Estado, agora pode estar se tornando pesadelo. A lagarta que foi favorecida por restos culturais de milho, sorgo, milheto, algodão até soja, durante toda a entressafra atingiu o ápice de sua existência: chegou ao fruto, ou seja, está comendo as vagens recém-formadas das plantas e atingindo os grãos.
“Esses estragos eram tudo o que eu não queria ver nesta safra. Prejuízos difíceis de serem quantificados, por enquanto, mas reais”, postou Dias Guerra no seu perfil do Facebook. Como completa, as fotos enviadas a ele mostram exatamente o resultado da permanência da Helicoverpa: vagens furadas e lagartas sobre as plantas. Os estragos foram registrados em uma propriedade de Santa Rita do Trivelato (545 quilômetros ao norte de Cuiabá), como também em União do Sul (menos de 600 quilômetros ao norte de Cuiabá). “Uma prova de que a Helicoverpa já estava por aqui estão nos danos causados, flores e vagens pequenas destruídas em União do Sul e justamente em área recém-aberta no ano passado!”, exclama. “Como eu disse antes e temos insistido, todo cuidado é pouco”, adverte.
Além de ter confirmado o gênero da praga ainda no início de outubro, com a soja semeada no Estado naquela ocasião há pouco mais de 15 dias, Dias Guerra já chamava à atenção para além da presença das lagartas em si e sim para o volume de posturas de ovos e mariposas, o que desenhava um cenário grave no curto prazo. “Lá no início de outubro elas existiam, mas não causavam danos econômicos, no entanto, se escaparem ao controle, vão causar sérios prejuízos quando o estádio da planta for o da formação dos grãos, como estamos vivenciando agora nas lavouras mais precoces. O monitoramento constante propiciou esta descoberta precoce da lagarta ainda na sojinha”. Fora os estragos diretos sobre as vagens de soja, Dias Guerra conta que tem recebido muitas fotos de produtores e técnicos de outros municípios mostrando os resultados das novas capturas de mariposas de Helicoverpa em armadilhas. As armadilhas foram instaladas pela equipe liderada pelo coordenador durante o Circuito Aprosoja, expedição que visitou todos os polos de produção de soja no Estado entre setembro e outubro. “O que chama à atenção é que essas novas capturas vieram de locais onde já fazia tempo que nada se capturava. Isto quer dizer que em poucos dias teremos reinfestação de lagartas, em especial onde tem algum veranico. Então, todo cuidado é pouco, monitoramento é a ação que não podemos abandonar”.
Ação conjunta - Para aprender na prática e com resultados, a CDSV/Mapa criou, ainda em outubro no Estado o Grupo Papagaio de Controle Integrado de Pragas que visa justamente unificar ações de combate e controle da Helicoverpa. Em homenagem ao rio da região noroeste, Papagaio, o grupo que soma cerca de 100 mil hectares, está unido e trocando experiências. Entre erros e acertos, Dias Guerra frisa que o grupo vem contabilizando muitos avanços.
No último dia 20, por exemplo, os integrantes se reuniram para avaliar a eficiência de produtos contra Helicoverpa. “Foi um show de informações das situações de campo, agora com monitoramento harmonizado pelos produtores antes e depois de cada aplicação e comparados com os resultados de pesquisa, gentilmente cedidos pela Fundação MT, que nos acompanhou em inspeções a campo. Em breve disponibilizaremos a lista dos melhores produtos e, também, os custos mínimos para o controle da Helicoverpa, considerando três aplicações com os produtos mais eficientes”. O monitoramento adotado no Estado é inédito no país.
Lucro ameaçado – Como alerta o Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea) o custo desta safra que já recorde, cerca de R$ 2,60 mil por hectares, pode ficar 23% maior, exatamente em decorrência dos gastos extras com a Helicoverpa.
Fonte: Diário de Cuiabá
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