Publicado em: 12/11/2025 às 15:00hs
Com o avanço do plantio de soja em Mato Grosso, produtores precisam redobrar a atenção para o controle de pragas. Segundo Mariana Ortega, pesquisadora em entomologia da Fundação de Apoio à Pesquisa Agropecuária de MT (Fundação MT), a confusão entre espécies de lagartas pode comprometer a eficácia do manejo e gerar perdas significativas na lavoura.
“Se houve alta pressão de lagartas na safra de algodão, o produtor já sabe que terá desafios semelhantes na soja”, alerta Ortega.
Um dos principais desafios está na correta identificação das lagartas do gênero Helicoverpa spp., especialmente Helicoverpa armigera e Helicoverpa zea, que são morfologicamente idênticas em todas as fases de desenvolvimento e só podem ser diferenciadas com análise molecular.
Além disso, nos estágios iniciais, essas espécies se assemelham à Spodoptera frugiperda, dificultando ainda mais o manejo. A identificação correta é crucial, pois cada espécie responde de forma distinta a defensivos químicos e biológicos.
“Nos estágios iniciais, a lagarta é pequena e se esconde nas folhas novas. Identificá-la corretamente faz toda a diferença no tipo de produto a ser aplicado”, explica Mariana Ortega.
Erros na identificação podem levar à aplicação ineficaz de defensivos, aumentando os custos com reaplicações e intensificando os danos às lavouras. Casos acompanhados pela Fundação MT registraram perda de áreas inteiras devido ao uso de produtos inadequados para a espécie presente.
“Se o técnico confunde Helicoverpa com Spodoptera e aplica um produto errado, a lagarta continua se alimentando da planta, causando mais danos até que uma nova aplicação seja feita”, ressalta a pesquisadora.
Para auxiliar os produtores, a Fundação MT desenvolveu um kit de identificação de lagartas, produzido com exemplares reais preservados em resina, permitindo comparar diferentes fases de desenvolvimento. O material é especialmente útil nos estágios iniciais, quando as diferenças entre espécies são sutis.
A Fundação também realiza treinamentos em fazendas, capacitando equipes de monitoramento de pragas. Mariana Ortega comenta que os kits ajudam os técnicos a visualizar o tamanho real das lagartas, facilitando o manejo precoce.
“Muitos se surpreendem ao ver que uma lagarta de terceiro instar é bem menor do que imaginavam”, afirma a entomologista.
Outra ameaça é a Spodoptera frugiperda, que pode chegar às lavouras de soja a partir de culturas anteriores, como milho e algodão. Lagartas maiores têm capacidade de cortar plantas recém-emergidas, comprometendo o estande e a produtividade desde os primeiros dias.
Enquanto Helicoverpa armigera e Helicoverpa zea permanecem escondidas nos estágios iniciais, atuando como desfolhadoras, elas se tornam mais perigosas no estágio reprodutivo, atacando flores e vagens.
“Algumas cultivares de soja chegam ao reprodutivo com apenas 30 a 40 dias após a semeadura. Se não houver monitoramento desde o início, as lagartas chegam grandes e difíceis de controlar, causando mais danos”, alerta Mariana Ortega.
Monitoramento precoce é chave para produtividade
O controle efetivo das pragas depende de monitoramento contínuo e identificação correta desde os primeiros dias da safra. A atenção precoce permite ações rápidas, reduzindo perdas e garantindo uma lavoura saudável e produtiva.
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Fonte: Portal do Agronegócio
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