Pragas e Doenças

Doenças foliares na soja desafiam controle químico e reforçam a importância do manejo integrado e preventivo

Resistência a fungicidas tradicionais impulsiona uso de tecnologias biológicas e estratégias combinadas para proteger a produtividade


Publicado em: 22/07/2025 às 14:30hs

Doenças foliares na soja desafiam controle químico e reforçam a importância do manejo integrado e preventivo
Doenças foliares impactam produtividade da soja

As doenças foliares continuam sendo um dos maiores desafios para a soja no Brasil. Patógenos como a ferrugem-asiática (Phakopsora pachyrhizi) e as doenças de final de ciclo (DFCs), como a mancha-alvo (Corynespora cassiicola) e a mancha-parda (Septoria glycines), causam perdas bilionárias e exigem atenção especial dos produtores para o planejamento da safra.

Resistência fúngica compromete controle químico

O avanço da resistência dos fungos aos ingredientes ativos tradicionais tem reduzido a eficácia dos programas químicos convencionais. Segundo dados da Embrapa Soja, a eficácia dos principais tratamentos contra DFCs e mancha-alvo varia entre 32% e 66%, mesmo com o uso de combinações consagradas ao longo dos anos.

Além disso, o custo médio dos fungicidas químicos representa cerca de 16% dos gastos totais com insumos, de acordo com estimativas da Nitro, empresa especializada em insumos agrícolas e biológicos.

Manejo preventivo e uso de biofungicidas como estratégia

Com uma taxa média de sucesso no controle das doenças foliares estimada em apenas 60%, cresce a necessidade de estratégias mais amplas. A engenheira agrônoma Lana Gaias, gerente de desenvolvimento de mercado da Nitro, reforça que o manejo preventivo, aliado ao uso de biofungicidas, é fundamental para controlar eficazmente as doenças e minimizar perdas.

Ela explica que a pressão das doenças aumentou nos últimos anos, com janelas de infecção mais amplas e menor eficácia dos fungicidas convencionais, exigindo do produtor uma mudança de postura.

Potencial de expansão das soluções biológicas no Brasil

Segundo dados do FarmTrak/Kynetec 2024, mais de 113 milhões de hectares no país são tratados com soluções biológicas, mas apenas 8 milhões de hectares recebem biofungicidas, mostrando grande potencial para expansão.

Atualmente, apenas 7% dos produtores brasileiros utilizam fungicidas biológicos, apontando uma oportunidade para tecnologias mais sustentáveis e eficientes.

Tecnologias à base de Bacillus ganham espaço

Lana destaca o uso de biofungicidas à base de Bacillus, que atuam por barreira física e indução da resistência nas plantas, combatendo diretamente os patógenos e estimulando as defesas naturais da soja.

“Essa abordagem alia sustentabilidade, inovação e eficácia agronômica. O biológico deve ser visto como parceiro estratégico, não substituto, no manejo integrado”, reforça.

Diversificação de modos de ação é essencial

O uso repetido e isolado de fungicidas sítio-específicos contribui para o surgimento de biótipos resistentes. Por isso, o FRAC Brasil recomenda no máximo duas aplicações desse tipo por ciclo.

“Diversificar modos de ação é fundamental para preservar a eficiência dos controles. O caminho é a integração, planejamento e a construção de lavouras mais resilientes”, completa Lana.

Biofungicidas potencializam controle e prolongam eficácia

Além de atuar preventivamente, os biofungicidas ajudam a reduzir falhas em janelas críticas de controle, aumentando o efeito dos fungicidas químicos e promovendo maior sanidade às plantas.

“Integrar ferramentas é o único caminho para prolongar a eficiência dos programas de controle. O biológico é um aliado estratégico para garantir sustentabilidade e performance das lavouras”, conclui Lana Gaias.

Fonte: Portal do Agronegócio

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