Publicado em: 16/06/2014 às 17:20hs
A praga está infestando diversas lavouras em todas as regiões produtoras de Mato Grosso. O Estado é o maior produtor nacional da pluma e nesta safra, 2013/14, deverá responder sozinho, por 56% da oferta interna.
É o que aponta a Entomologista e pesquisadora da Fundação de Apoio à Pesquisa Agropecuária de Mato Grosso (Fundação MT), Lucia Vivan. “O primeiro registro do bicudo no Estado foi em 1993 na região de Cáceres (225 quilômetros ao oeste de Cuiabá). De lá para cá, a praga espalhou-se e só tem aumentado”.
As perdas na produção por infestação de bicudo chegam a 80%. “O prejuízo é considerável mesmo que a infestação ocorra em pequena proporção”, lembra Vivan. Para a pesquisadora isso acontece porque algumas das ações de controle não foram realizadas da melhor forma. “Dispomos de algumas ferramentas, como o monitoramento antes do plantio com armadilhas de feromônio, controle no botão floral, pulverizações sequenciais e controle pós-colheita”. Vale salientar que as ações devem ser realizadas de acordo com cada região.
Segundo a entomologista, geralmente, todos os anos há problemas com a praga. Principalmente, “devido à falta de monitoramento desde o pré-plantio do algodoeiro”. Este acompanhamento é fundamental. “Ele deve ser realizado quando o produtor identificar o surgimento dos primeiros botões florais, observando a presença de orifício de alimentação e postura de ovos do inseto nessas estruturas. Pelo fato da praga aumentar rapidamente e em função da fase de larva ficar dentro do botão floral, a detecção muitas vezes não acontece ou é feita tardiamente”.
Combate - A pesquisadora aponta que um ponto fundamental para o sucesso no manejo da praga é o controle realizado nas bordaduras. “Os insetos penetram nas lavouras pelas bordaduras, ou seja, pelas bordas da plantação, onde permanecem durante a primeira geração. Por isso, é preciso realizar, estrategicamente, amostragens específicas, catação e colocação de armadilhas para coletas”. Em áreas com esse tipo de manejo é possível verificar a redução na aplicação de inseticidas.
Uma das principais formas de controle consiste principalmente em destruir as soqueiras de algodão até 30 dias após a colheita, limitando até 15 de setembro. “As rebrotas também devem ser destruídas e as semeaduras devem ser realizadas entre 30 e 40 dias”. A instalação de armadilhas de feromônios nas lavouras com pelo menos 60 dias antes do início do plantio, também, apresenta resultados positivos para o manejo da praga. Vivan detalha que isso ocorre porque elas têm a função de atrair os bicudos que estão nos refúgios próximos às plantações, antes da germinação do algodão. “Nas áreas próximas às armadilhas de captura é possível fazer um levantamento dos níveis de infestação, detectar os pontos de maior problema e assim, realizar o tratamento para um controle diferenciando”.
A entressafra é outro ponto importante e que o produtor deve ficar atento. “O bicudo do algodoeiro só se reproduz nas lavouras de algodão, contudo neste período a praga sobrevive em plantas de cerrado”, esclarece a pesquisadora da Fundação MT. Por isso, é importante fazer o controle no final do ciclo da cultura a fim de evitar que os insetos migrem para as áreas de refúgio.
O ataque do bicudo provoca a queda antecipada dos botões florais, flores e maçãs, que mais tarde dão origem à pluma. A pesquisadora explica que os botões atacados apresentam perfurações externas. As flores ficam com aspecto de “balão”, devido a não abertura das pétalas, as maçãs apresentam perfurações externas, as fibras e sementes são destruídas, causando a abertura anormal da maçã (carimã) e escurecimento interno. “Com isso, ocorrem perdas expressivas na produção. E hoje para contornar este problema, acaba se fazendo o uso abusivo de produtos químicos, aumentando o custo de produção e contaminando do meio ambiente”.
Pesquisas – A Fundação MT tem trabalhado para amenizar os problemas que o bicudo causa todos os anos. Atualmente desenvolve pesquisas de controle químico, avaliação de marcas de feromônios para avaliar a atratividade dessas para o inseto e ainda estudos de instalação de Tubos Mata Bicudo (TMB) – dispositivo de papelão biodegradável com pigmento amarelo que contém inseticida associado ao feromônio sexual, impregnado com o inseticida malathion - no período de colheita e entressafra.
Fonte: Diário de Cuiabá
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