Pragas e Doenças

COCAMAR: Alerta sobre resistência de plantas daninhas foi um dos temas da SafraTec

“Daqui a quatro ou cinco anos não haverá mais produto químico para controle do amargoso ou outras plantas daninhas com resistência em soja e milho RR. Não existe e não surgirá no médio e longo prazos um herbicida milagroso e se engana quem pensa o contrário”


Publicado em: 27/01/2015 às 14:00hs

COCAMAR: Alerta sobre resistência de plantas daninhas foi um dos temas da SafraTec

O alerta foi feito pelo engenheiro agrônomo Luiz Henrique Penckowiski, da Fundação ABC, durante o 15º Encontro de Produtores de Soja realizado como um dos destaques da Safratec 2015, encerrada na quinta-feira (22/01) em Floresta, região de Maringá. Promovida pela Cocamar, a feira reuniu dezenas de empresas participantes e foi visitada por cerca de 6 mil produtores e técnicos.

Complexidade - Penckowiski ressaltou que o diferencial no manejo da resistência das plantas daninhas será a busca de informação e que os sistemas de manejo serão bem mais complexos, demandando que os produtores sejam proativos e não apenas reajam aos problemas. “Por enquanto as plantas são de resistência simples a um mecanismo de ação. Mas como será com resistência múltipla? O produtor tem que voltar a enxergar a planta daninha, conhecer, monitorar, coisa que deixou de fazer desde o surgimento do glifosato e da tecnologia RR”, disse.

Fogo - O engenheiro agrônomo citou que na Austrália os produtores têm usado fogo para controlar o azevém com resistência múltipla porque nenhum produto mais controla. Nos EUA, o maior problema da soja já são as plantas daninhas resistentes. Há mais de 26 milhões de hectares com o problema, com gastos de US$ 1 bilhão só para manejo da área. “O controle da buva aqui foi fichinha perto da dificuldade de controle e dos prejuízos causados pelo caruru resistente lá. O caruru já chegou à Argentina e tem tudo para entrar aqui também”, destacou.

Expandindo - No Brasil, as plantas daninhas que já apresentam resistência são a buva, o amargoso e o azevém. “Em 2014, já havia 10 milhões de hectares no Brasil com o problema, sendo 7 milhões com buva, um milhão e meio com azevém e um milhão e meio com amargoso. “O Paraná se tornou o Estado com maior número de área com plantas daninhas resistentes e um dos poucos no país que tem registro das três”, afirmou Penckowiski.

Sementes - O engenheiro agrônomo disse que um único pé de buva que sementeie pode se tornar um problema sério. São produzidas milhares de sementes de fácil dispersão por até 60km de distância, que têm a capacidade de germinar na superfície. “É problema nas culturas de verão, mas seu manejo deve ocorrer no outono e inverno. O limite de controle é com 15 cm, quando a eficiência dos produtos é de quase 100%. Se feito com 35 cm, a eficiência cai para 50%”.

Tempo certo - Como colheita das culturas de inverno se dá num período seco, o produtor fica a espera da chuva para fazer o controle da buva e acaba perdendo o momento certo de combater. “Tem que monitorar e esquecer o clima, fazendo duas aplicações para controle”, recomendou.

Amargoso preocupa - O agricultor tem que pensar o controle do amargoso o ano todo, porque, diferente da buva, o vegetal germina o ano todo e se o controle não for feito na época correta, se torna difícil e caro, mais de R$ 300 por hectare, alertou o engenheiro agrônomo Luiz Henrique Penckowiski. “Com até 45 dias de emergência e no máximo 20 cm, é relativamente fácil eliminar a buva, com 90% de eficiência. Mas depois que chega a 1 metro e forma os rizomas, há o rebrote, fazendo cair o nível de controle para menos de 55%. Tem que evitar que forme a touceira”, orientou.

Controle - O agrônomo comentou ainda que, de todos os graminicidas, apenas dois controlaram o amargoso e, no Paraná, só um é liberado. E pior, quando ocorre buva e amargoso resistentes na mesma área, cria-se um novo cenário de dessecação, já que a combinação de herbicida latifolicida e de graminicida é antagônica. “Os percentuais de controle caem significativamente com a mistura dos dois produtos”.

Perdas com milho RR voluntário - O engenheiro agrônomo Luiz Henrique Penckowiski, da Fundação ABC disse durante o Encontro de Produtores que as perdas com a infestação de milho RR voluntário na soja podem ser significativas se não houver controle correto. Com uma planta por metro quadrado, a produtividade cai 30% em média; com duas plantas, a perda é de 45% e, quando há quatro espécimes por metro quadrado, a redução pode chegar a 65%.

Fluxos - Penckowiski orientou que o milho voluntário RR tem dois fluxos para controlar: o que nasce da semente e o que nasce da espiga, demandando duas aplicações de graminicida. Alertou ainda que se o controle é feito quando o milho ainda é pequeno, com até três folhas, há várias opções de produtos e a eficiência é de quase 100%. Mas se o milho tem até sete folhas, as opções reduzem bastante e o nível de controle cai para 64%.

Fonte: Imprensa Cocamar

◄ Leia outras notícias