Pragas e Doenças

Cigarrinha-do-milho: produtor deve manter monitoramento rigoroso apesar da queda populacional, alerta especialista

Entomologista da cooperativa CCGL desenvolve modelo de predição para orientar manejo eficiente da principal praga do milho no Sul do Brasil


Publicado em: 10/07/2025 às 09:30hs

Cigarrinha-do-milho: produtor deve manter monitoramento rigoroso apesar da queda populacional, alerta especialista

Modelo inovador permite previsão antecipada da população da praga

O pesquisador Glauber Renato Stürmer, entomologista da cooperativa gaúcha CCGL, criou um sistema único no país para prever com alta precisão a dinâmica populacional da cigarrinha-do-milho (Dalbulus maidis), principal praga que afeta a cultura no Brasil e na América do Sul. A ferramenta cobre todas as áreas agrícolas do Rio Grande do Sul e possibilita antecipar cenários semanais, em vez de apenas reagir às condições atuais.

População da cigarrinha caiu, mas cuidados devem continuar

Embora a última safra tenha apresentado uma queda expressiva nas populações da praga, devido principalmente ao clima frio e às geadas, Stürmer alerta que os produtores não devem relaxar o monitoramento nem as estratégias de controle para a safra atual.

Manejo indicado: atenção do plantio até estágio V10

Segundo o especialista, o período crítico para o manejo da cigarrinha vai da emergência das plantas até o estádio V10 do milho. Com 5% de infestação das plantas, já é recomendada a aplicação de inseticidas para conter a praga e evitar perdas significativas.

Ele destaca que já registrou perdas de até 95% na produção de milho quando a cigarrinha não foi controlada adequadamente.

Resistência ao frio e comportamento da praga no Sul

Estados como Rio Grande do Sul e Santa Catarina enfrentam maior impacto da cigarrinha por manterem milho no campo o ano inteiro, inclusive a safrinha, o que favorece a sobrevivência e reprodução da praga.

Stürmer explica que a cigarrinha resiste a baixas temperaturas, sobrevivendo em vegetações verdes que funcionam como “ponte verde”, onde se alimenta e contrai bactérias e vírus que depois transmite para o milho em estágios sensíveis.

Fatores que influenciam os danos da praga

Decisões do produtor, como o tipo de híbrido plantado e a redução da “ponte verde” na propriedade, influenciam diretamente o potencial de dano causado pela cigarrinha. A preferência por ciclos curtos e híbridos menos tolerantes pode aumentar o risco de infestação.

Com a expectativa de expansão das áreas cultivadas, a oferta de alimento para a praga cresce, o que exige um manejo ainda mais cuidadoso para evitar prejuízos.

Monitoramento com armadilhas é fundamental

A chave para mitigar os danos está no monitoramento contínuo dos cultivos, especialmente pelo uso de armadilhas que detectam a presença da cigarrinha em diferentes fases.

Manejo integrado com inseticidas adulticidas e ninficidas

Ao identificar populações potencialmente danosas, a recomendação é iniciar o controle com inseticidas que atuem sobre os adultos nas primeiras aplicações, seguido pelo uso de produtos que controlem também as ninfas.

Stürmer ressalta a importância de quebrar o ciclo da praga, pois as ninfas, localizadas na parte inferior das folhas, alimentam-se e repõem a população adulta, intensificando os danos.

O sucesso no controle da cigarrinha-do-milho depende de um monitoramento rigoroso, aliado a um manejo integrado e coordenado, capaz de atuar em todas as fases do inseto para preservar a saúde e produtividade das lavouras de milho.

Fonte: Portal do Agronegócio

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