Pragas e Doenças

Avanços no Controle da Cigarrinha-do-Milho: Uma Nova Abordagem para Reduzir Populações do Inseto

A utilização do inseticida buprofezina interrompe o ciclo reprodutivo da praga e promove um manejo mais eficiente nas lavouras


Publicado em: 11/10/2024 às 10:00hs

Avanços no Controle da Cigarrinha-do-Milho: Uma Nova Abordagem para Reduzir Populações do Inseto

O fitotecnista Paulo Garollo, especialista em cultura do milho com mais de quarenta anos de experiência, destaca a importância de um novo olhar sobre a cigarrinha-do-milho (Daubulus maidis), considerada a principal praga dessa cultura. Os danos causados por esse inseto já são visíveis não apenas no Brasil, mas também em países como Argentina, Paraguai, Uruguai e Estados Unidos. “A cigarrinha tem causado perdas significativas. Na Argentina, houve uma redução de 40% na última safra, e nos Estados Unidos, há preocupações sobre sua expansão, especialmente nas regiões da Flórida e Oklahoma”, observa Garollo.

No Brasil, a situação é igualmente preocupante. O Triângulo Mineiro enfrenta ataques severos da praga, enquanto registros de danos aparecem em Minas Gerais, Goiás e no Rio Grande do Sul. “Particularmente nas áreas onde há cultivo contínuo de milho, a população da cigarrinha e as doenças que ela transmite têm se tornado altamente representativas”, ressalta.

A cigarrinha-do-milho é responsável por transmitir bactérias da classe Molicutes e dois vírus que provocam o enfezamento vermelho e amarelo, além do vírus do raiado fino. Garollo já observou perdas que variam entre 70% e 90% em determinadas variedades de milho, impactando a formação do grão, seu peso e qualidade, e resultando em plantas mais baixas e com aparência debilitada. Em alguns casos, o grão pode ficar tão murcho que não consegue ser adequadamente pressionado pelas palhas da espiga, facilitando a entrada de água e a pré-germinação, o que gera descontos durante a comercialização do milho.

Para Garollo, os produtores não devem se concentrar apenas na eficácia dos inseticidas, mas sim integrar essa abordagem a uma estratégia abrangente de manejo. Ele sugere que a adoção do ingrediente ativo buprofezina pode ser uma solução mais eficaz para conter a cigarrinha-do-milho. “Anteriormente, os resultados eram avaliados somente na fase adulta do inseto, mas é crucial também focar no controle das ninfas, que se multiplicam rapidamente e perpetuam a espécie”, explica.

Garollo destaca que as ninfas, por sua baixa mobilidade e proteção sob as folhas, sobrevivem em grandes quantidades e são fundamentais para a reprodução do inseto. “Se não realizarmos um manejo eficaz das ninfas, como poderemos interromper o ciclo da praga?”, questiona.

O consultor enfatiza que a buprofezina, um inseticida introduzido pela empresa Sipcam Nichino, atua diretamente sobre as ninfas, interrompendo a reprodução da Daubulus maidis. “Esse ‘novo olhar’ voltado para a ninfa reduz a população de insetos adultos, que são responsáveis pela transmissão de enfezamentos e vírus. Precisamos limitar a capacidade da cigarrinha de se perpetuar”, ressalta.

Garollo acrescenta que a buprofezina se mostra uma ferramenta eficiente tanto no controle das ninfas quanto na prevenção geral da praga, promovendo a esterilização das fêmeas e reduzindo a viabilidade dos ovos. Estudos indicam que a buprofezina pode alcançar até 90% de eficiência na esterilidade dos ovos da cigarrinha-do-milho e mais de 80% de redução nas populações de ninfas.

Classificada como um regulador de crescimento, a buprofezina apresenta um modo de ação diferenciado, menos agressivo ao meio ambiente e específico para insetos da Ordem Hemíptera, à qual a cigarrinha pertence. “Essa estratégia de manejo concentra-se nas gerações futuras do inseto, sendo uma oportunidade valiosa para alterar o cenário da cigarrinha nas áreas críticas. O uso correto desse inseticida é fundamental para esse objetivo”, conclui.

José de Freitas, engenheiro agrônomo da Sipcam Nichino, complementa que a buprofezina também possibilita um manejo eficaz da resistência da cigarrinha-do-milho aos inseticidas tradicionais.

Fonte: Portal do Agronegócio

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