Publicado em: 16/09/2025 às 17:30hs
Com o encerramento da safra 24/25, que deve bater recordes com previsão de colheita de 339,6 milhões de grãos, segundo a Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), o produtor brasileiro já começa a planejar a próxima safra. Para que o sucesso se repita, o agricultor precisa, antes mesmo do plantio, considerar, fatores essenciais para o bom desenvolvimento da cultura que escolheu plantar.
O primeiro passo é a dessecação da área, etapa fundamental eliminar plantas daninhas, plantas voluntárias (tigueras) e outras plantas que podem competir com a cultura escolhida para o plantio. Esse manejo é essencial para quebrar a ponte verde, interrompendo o ciclo de pragas, doenças que usam as plantas hospedeiras presentes no campo para sobreviver entre uma safra e outra.
Como Boa Prática Agrícola, a dessecação também contribui para a redução da pressão inicial de infestação sobre a nova cultura. Realizar a dessecação no momento adequado é fundamental para garantir o controle eficiente das plantas invasoras, facilitando o controle químico e reduzindo o risco de seleção de resistência das invasoras.
Neste mesmo instante, é necessário que o produtor conheça a área onde será realizado o plantio.
O mapeamento do histórico da área permite identificar quais plantas invasoras, insetos ou patógenos estiveram presentes em safras anteriores. Com essas informações, o produtor pode planejar melhor a escolha de cultivares ou híbridos e definir a estratégia de proteção de cultivo, focando nos principais alvos daquela propriedade ou região.
O cuidado com o maquinário é outro ponto crucial. Máquinas limpas e bem reguladas são determinantes para evitar a introdução e dispersão de sementes de plantas daninhas e restos culturais de outras áreas. Além disso, a manutenção adequada reduz o risco de transmissão de pragas ou doenças, favorece à uniformidade no plantio, na aplicação de insumos e garante uma emergência rápida e homogênea da cultura, fatores essenciais para a competitividade da lavoura.
Outra Boa Prática Agrícola essencial para o sucesso da lavoura é o cuidado com as sementes, que começa com a escolha de variedades certificadas. Essas sementes garantem pureza genética e física e maior germinação e vigor, pois, constantemente submetidas à testes, realizados pela indústria e validados pelos órgãos reguladores, reduzindo o risco da introdução de doenças, plantas daninhas ou pragas. Além disso, optar por materiais com biotecnologia é altamente recomendado. Elas contribuem no Manejo Integrado de Pragas (MIP) por conterem proteínas inseticidas específicas, como as Bt, que controlam pragas-chave, principalmente lagartas, reduzindo sua população logo no início do ciclo, reduzindo o número de aplicação de inseticidas químicos durante o ciclo da cultura. Isso proporciona um manejo mais seletivo, preserva organismos benéficos e favorece a sustentabilidade, prolongando a vida útil dos defensivos e das biotecnologias. E o Tratamento de Semente Industrial (TSI) potencializa a proteção contra fungos e bactérias do solo, minimizando perdas na germinação e assegurando um estande inicial mais uniforme.
O uso de defensivos também faz parte do planejamento agrícola no pré-plantio. O manejo com herbicidas contribui para evitar que plantas daninhas apareçam nos estádios iniciais da cultura, além de aumenta a rentabilidade do produtor ao reduzir a necessidade da reaplicação nos estádios fenológicos avançados da cultura.
Adotar as Boas Práticas Agrícolas desde o planejamento no pré-plantio não apenas reduz riscos e garante eficiência no cultivo, como também estabelece as bases para uma safra mais produtiva, rentável e sustentável. Cada decisão tomada antes do plantio reflete diretamente no desempenho da lavoura. Planejar antecipadamente é o que transforma desafios em oportunidades e assegura resultados consistentes, safra após safra.
Vlader Henrique Cordioli é biólogo com MBA em Gestão de Projetos e especialista em Boas Práticas Agrícolas na Corteva Agriscience
Fonte: In Press
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