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Safra recorde no MT não impede queda do VBP

Mesmo liderando a produção de grãos e fibra do Brasil na atual temporada, Mato Grosso deve encolher a participação no Valor Bruto da Produção (VBP) nacional em cerca de 1,6 pontos percentuais


Publicado em: 13/04/2012 às 13:20hs

Safra recorde no MT não impede queda do VBP

Esse movimento contraditório resulta da queda de 9,40% projetada para o VBP mato-grossense que deve passar de R$ 29,57 bilhões (2011) para R$ 26,79 bilhões. Para a produção nacional se espera um crescimento de 2,47%, com a receita passando de R$ 213,36 bilhões para R$ 218,63 bilhões. O VBP é a soma do valor das principais lavouras do país, com base nos resultados verificados no mês de março, produção multiplicada pelas cotações.

No ano passado com rendimento de R$ 29,57 bilhões, Mato Grosso respondeu 13,85% do VBP nacional, em R$ 213,36 bilhões. Para este ano, nesta terceira estimativa divulgada nessa quinta-feira (12) pela Assessoria de Gestão Estratégica do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), o Estado deverá somar renda agrícola de R$ 26,79 bilhões, o que se confirmado, gerará uma participação de 12,25% sobre a projeção de R$ 218,63 bilhões ao país. Os números são mutáveis visto que a avaliação é mensal e por isso reflete o comportamento do mercado. Para Mato Grosso, o VBP pode ser encorpado após a colheita do milho segunda safra e do algodão, culturas em que o Estado lidera a produção nacional e que podem surpreender em produtividade, já que até o momento o clima segue favorável ao desenvolvimento das duas lavouras.

Conforme dados divulgados nesta semana pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), na atual temporada (2011/12), o Estado retoma a liderança nacional, posição perdida no ano passado para o Paraná. O Estado deverá encerrar o ciclo com 35,88 milhões de toneladas, 16% acima das 30,94 milhões contabilizadas no ano passado. Mesmo ampliando a oferta, Mato Grosso encolhe o VBP especialmente pelo ajuste de mercado que reduziu em cerca de 50% o VBP do algodão. Mesmo com projeção negativa (-2,2%) - a produção brasileira deve atingir 159,20 milhões de toneladas ante 162,84 milhões de toneladas no ciclo passado – o VBP nacional vem sendo beneficiado especialmente pelos valores de mercado da cana-de-açúcar.

Como observa o coordenador de Planejamento Estratégico do Mapa, José Garcia Gasques, pela primeira vez ao logo da série (o estudo é feito desde 1997), o valor da produção da cana-de-açúcar de R$ 46,85 bilhões foi superior ao valor da soja, R$ 46,13 bilhões. O resultado reflete, segundo ele, os efeitos da seca sobre a produção de soja no Sul do país e também a tendência persistente de aumento do valor da produção de cana ao longo dos anos analisados. Numa relação de dezoito produtos, dez vêm apresentando tendência de redução de valor da produção neste ano. As maiores reduções foram verificadas no arroz (13,6%), cacau (32,4%), fumo (28,8%), laranja (14,4%), soja (15%), trigo (16,5%) e uva (22,6%).

Regionalmente, o valor da produção teve aumento no Norte (9,9%), Nordeste (31,79%) e Sudeste (14%). Em contrapartida, no Sul houve retração de 18,21% do valor e no Centro-Oeste ficou praticamente sem alteração em relação a 2011. O maior destaque deve ser dado ao Sul, que devido à seca vem apresentando quebra de R$ 10 bilhões no VBP.

MATO GROSSO – A soja, carro chefe do agronegócio estadual, a previsão é de uma receita de R$ 15,10 bilhões, que se confirmado será superior em 2,34% aos R$ 14,75 bilhões contabilizados no ano passado. O algodão, que teve preços históricos em vários momentos do ano passado, a projeção aponta para uma perda de 53% de receita, já que a safra está avaliada em R$ 4,49 bilhões ante R$ 9,68 bilhões no ano passado. O milho está avaliado em R$ 5,26 bilhões, alta de 54,71% ante o VBP da safra 2010/11 em R$ 3,40 bilhões. Seguindo o registrado no Brasil, a cana-de-açúcar no Estado também teve sua lavoura revisada para cima e deverá valorizar cerca de 36% de uma safra para a outra. A previsão é de um VBP de R$ 1,10 bilhão – recorde – ante R$ 805,13 milhões de 2010. O arroz é a única cultura mato-grossense em que a desvalorização tem como um dos principais reflexos o recuo da produção. Conforme o Mapa, o VBP passa de R$ 335,05 milhões para R$ 219,90 milhões, retração de 34,3%.

Fonte: Diário de Cuiabá

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