Publicado em: 04/04/2013 às 12:10hs
Segundo o Presidente da FAEB, João Martins, infelizmente não foram anunciadas medidas efetivas de apoio à recuperação da economia da agropecuária, que vive um processo acelerado de degradação, que pudessem sinalizar o desenvolvimento futuro do semiárido. De acordo com ele, a maioria dos recursos já é carimbado e não vai, de forma alguma, irrigar a economia nordestina. Isso porque, aponta, dos 9 bilhões anunciados pela Presidente, 37% desse valor, é, na verdade, dinheiro que o governo vai deixar de arrecadar. Ou seja, não é dinheiro novo que será investido para melhorar a situação do Nordeste. Outros 33%, são recursos que já vem sendo gastos desde 2012, no PAC ou em outros programas. Então, nessa rápida análise do tão aguardado pacote, é possível perceber que quase 70% desse dinheiro não será aplicado, na prática.
A presidente Dilma anunciou o aumento da oferta de carros-pipa para distribuição de água. Embora necessário, alerta Martins, “isso é apenas uma medida emergencial paliativa, que não vai de forma alguma ajudar o produtor rural a manter sua produtividade e rebanho. É de conhecimento de todos que muitas vezes os carros-pipa são utilizados com fins eleitoreiros pelos prefeitos municipais, que são os responsáveis por controlar essa distribuição de água. Esperemos que, com a distribuição da água pelo Exército a situação seja diferente”.
A construção de 267 mil cisternas, que também faz parte do pacote, poderia ser visto como um grande avanço para o semiárido, entretanto, “se dividirmos essas cisternas pelos 1.415 municípios em estado de emergência em todo nordestes, iremos perceber o quão irrisória é essa ação. Somente com medidas estruturantes de médio e longo prazos vamos evitar que o nordeste sofra com a seca a cada período de estiagem”, explica o Presidente da FAEB. Ele acrescenta ainda que a expectativa era por anúncio de novos programas, inclusive com as medidas estruturantes, como: Canais, transposição de agua, perenização de rios, novas adutoras, grandes barragens, poços artesianos. Isso não amenizaria o problema emergencial, mas criaria a expectativa de ter no futuro uma estrutura melhor para enfrentar novos problemas com a seca.
“Temos certeza que o Governo está alerta para não deixar que a autoestima do nordestino desça a níveis críticos. Isso poderia levar a uma verdadeira desestruturação da agropecuária da região, provocando total abandono das atividades rurais, o que acabaria trazendo, também, graves consequências para as cidades, já que o êxodo rural é a saída óbvia encontrada pelo produtor e suas famílias que sofrem com a seca. Ressaltamos, o Governo precisa sinalizar claramente que o Nordeste pode ser uma região viável, próspera e competitiva. Não podemos ficar sempre no diapasão de medidas assistencialistas”, finaliza João Martins.
Fonte: Federação da Agricultura e Pecuária da Bahia - FAEB
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