Publicado em: 08/07/2013 às 12:10hs
Boas expectativas permeiam o cultivo de inverno do produtor Edevaldo José Lago na localidade de Santo Antônio do Capinzal, interior de Passo Fundo. Dos 50 hectares da propriedade ele cultiva canola em 20 hectares, 10 a mais do que nos últimos cinco anos, quando ele começou a produzir a cultura. Ele comenta que na região foi um dos pioneiros no cultivo e que a canola vem contribuindo na renda. “Ela não deixa uma margem grande de lucro, mas é um lucro bom se comparado com o trigo e a cevada que são culturas de inverno. Pela margem maior de lucro, incentiva a plantar” comenta.
Para Lago, o plantio da canola também contribui na rotação de cultura. “Ela cabe muito bem, inclusive para armazenar nitrogênio e umidade no solo. Numa época de seca a cultura não sofre tanto, aguenta mais sem a chuva”, constata. De acordo com ele, a principal dificuldade se deu em razão do atraso da semente. Neste ano, o produtor que aumentou a área cultivada por considerar a cultura rentável espera manter a média que vem conseguindo nos seis anos que plantou canola. “Espero no mínimo as 25 sacas/ha, sendo que o custo é de 15 sacas, ainda se consegue um ganho bom. Nunca baixou dessa média e quero conseguir aumentar”, observa.
O maquinário é próprio, tanto a plantadeira quanto a colheitadeira e foi Lago que fez o plantio e fará a colheita da cultura. “A colheita só precisa de regular bem a máquina e é a mesma da soja que eu tenho”, considera ele, concluindo: “A canola veio para agregar renda. Ela tem comércio procurado e para nós, veio a calhar”, pontua.
Projeção
Conforme o pesquisador da Embrapa Trigo e especialista em canola, Gilberto Omar Tonn, a estimativa é de que nesta safra a área produzida tenha uma redução, em razão do insuficiente suprimento de sementes. “Na safra 2012 foram 48.704 hectares de canola e a safra 2013 a expectativa ficou abaixo desse índice”, afirma. Segundo ele, a semeadura iniciou em 11 de abril, conforme a recomendação dos especialistas de que os produtores semeiem o mais cedo possível dentro do recomendado que foi até o mês de junho. “A canola está desenvolvendo bem e as condições estão favoráveis na safra”, considera.
Quando a planta desponta na terra, os produtores precisam fazer a adubação nitrogenada em cobertura, aplicando até 120 kg de nitrogênio, incluindo os 30 kg que são recomendados ser aplicados na semeadura. “O rendimento depende muito da adubação nitrogenada. Outro aspecto é o controle de plantas daninhas que é importante fazer o controle, isso facilita o cultivo de trigo no inverno seguinte”, aponta ele.
Tonn explica que a colheita da safra ocorre entre final de agosto e setembro, mas durante todo o ciclo, o produtor deve ficar atento quanto a presença de insetos. “Em havendo insetos é necessário que se faça o controle”, conclui.
Pesquisa
O pesquisador que também coordena projetos de canola no Brasil comenta que no país, o plantio da cultura teria aumento em até 30% na área semeada se não houvesse a insuficiência de sementes, que se deu em virtude de seca na Argentina, onde a semente é produzida. “Todos os esforços vem sendo feitos para que a dificuldade não ocorra mais. Na Embrapa, temos um projeto de R$ 8 milhões que estuda a canola e está mobilizado um grupo de pesquisadores de mais de 20 universidades”, comenta ele, explicando que o grupo estuda para que se inicie a produção comercial da canola em regiões os tropicais, como o Mato Grosso. A canola nas outras partes do mundo é cultivo de regiões frias e descobrimos no Brasil, a partir de trabalhos em Goiás, que temos condições de produzir canola no cerrado brasileiro”, declara.
Conforme ele, no cerrado existem milhões de hectares que só são utilizados para uma safra anual e que poderia estar produzindo canola nesse período. Além disso, o maquinário investido pelo produtor também fica parado quando não há produção. “É um sonho em termos de oportunidade econômica e o agricultor precisa aprender a trabalhar com a canola. Assim como a soja que tem uma liquidez grande, a canola, da mesma maneira tem facilidade de comercialização. Falta produto, o mundo está ávido pela produção de canola e então temos tudo o que precisa, apenas é necessário um ajuste tecnológico e o agricultor se familiarizar com essa tecnologia”, finaliza.
Fonte: Diário da Manhã - Passo Fundo
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