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Produção de mandioca deve render R$ 7 bilhões em 2014

Após uma quebra de três milhões de toneladas, entre os anos de 2011 e 2012, a produção de mandioca tem potencial para recuperação e pode render cerca de R$ 7 bilhões neste ano


Publicado em: 23/04/2014 às 11:40hs

Produção de mandioca deve render R$ 7 bilhões em 2014

A forte estiagem ocorrida no Nordeste há três anos ainda reflete na oferta do produto e mantém os preços em patamares altos. Entretanto, produtores do Centro-Sul já esperam queda nos valores e aumento nos custos, após normalização da produção nordestina.

Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) indicam que a produção de mandioca, em 2013, foi de 23,44 milhões de toneladas, sendo Paraná, Pará, Bahia, Maranhão, São Paulo e Rio Grande do Sul os principais estados produtores. "Se não tivesse acontecido a seca em 2011, o País poderia produzir pelo menos 25 milhões de toneladas no ano passado", avalia o diretor da Associação Brasileira dos Produtores de Amido e Mandioca, Ivo Perin. De acordo ele, a produção de 2013 corresponde a cerca de R$ 6 milhões em receita e para 2014 chegar a R$ 7 bilhões.

Na mesma linha, o pesquisador do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), Fábio Isaias Felipe, diz que a oferta do produto pode aumentar em torno de 10%.

"De 2012 para 2013 vimos um leve recuo na produção devido à redução na demanda, reprimida pelos preços que estavam muito altos, principalmente para a indústria. Atualmente, com maior oferta, a indústria também deve aumentar a produção e já tivemos uma resposta significativa neste primeiro trimestre", diz o especialista do Cepea.

Felipe destaca que o processamento da raiz de mandioca para a produção de fécula - amido utilizado na indústria alimentícia (para panificação), têxtil e frigoríficos (para a produção de salsichas e embutidos), por exemplo - teve um aumento de 10,9% quando comparado ao primeiro trimestre do ano passado.

Com relação ao mesmo período de 2012, o avanço foi de 11%.

"Em 2013, só a indústria de fécula movimentou R$ 1 bilhão. Valor da produção próximo a este foi observado somente em 2004, quando superou ligeiramente os R$ 990 milhões", enfatiza Felipe.

Na média geral das regiões acompanhadas pelo Cepea, a tonelada de raiz para a indústria esteve a R$ 381,69 (valor nominal, a prazo) em 2013, valorização de 61,1% frente a 2012.

A fécula de mandioca também teve sucessivas valorizações ao longo do último ano, com a média nominal a prazo (posta fecularia) chegando a R$ 2.125,09 por tonelada (R$ 53,12 a saca de 25 kg), numa alta de 58% frente ao valor médio de 2012.

O produtor Cleto Lanziani, da região de Paravaí, noroeste do Paraná, conta que os dois últimos anos foram muito bons para os produtores da cultura, mas este cenário pode mudar em 2014.

"Apesar da média nacional, chegamos a vender sacas por até R$ 500, agora o preço está entre R$ 300 e R$ 320. Começamos 2014 com um preço razoavelmente bom, mas o aumento da demanda vinda do Nordeste fez com que muitas regiões aumentassem as áreas de plantio também, no Brasil todo. Com a expansão da oferta e os níveis de chuva se regularizando no Nordeste, o que se ganhou entre 2012 e 2013 não será atingido até 2016, em função de queda nos preços", diz Lanziani planta cerca de 100 hectares de mandioca e colhe 33 toneladas por hectare.

Segundo o Cepea, nos últimos anos, mesmo com a raiz de mandioca atingindo valores bastante elevados e sendo preciso pagar frete superior a 2 mil quilômetros, farinheiras nordestinas mantinham as compras de raiz em São Paulo e Paraná porque, em alguns polos de produção nordestinos, a tonelada da mandioca na lavoura ultrapassava os R$ 1.000,00. "Agora, até as farinheiras da nossa região já pararam de trabalhar devido ao retorno da produção nordestina", conclui o produtor.