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O rentável negócio do guaraná reforça economia da Amazônia

A 267 km de Manaus, Maués se sobressai como a maior região produtora de guaraná da Amazônia Legal


Publicado em: 10/12/2013 às 20:10hs

O rentável negócio do guaraná reforça economia da Amazônia

É o centro de origem da planta, local onde está sua maior variedade genética. O município produz 350 toneladas da semente por ano e embora fique a cerca de 20 horas de barco da capital, sua população já passa dos 50 mil habitantes. A semente tem mercado garantido, tanto que a cultura migrou para a Bahia e hoje o estado é o maior produtor do mundo, já que, exceto por pequenos cultivos no Peru e na Venezuela, o Brasil está praticamente sozinho nesse mercado. Alemanha, Japão e Estados Unidos são os principais consumidores.

O dinheiro gerado com o guaraná vem transformando a vida de muita gente. O cultivo toma as terras de Maués e de comunidades vizinhas. Muitos agricultores estão trocando outras culturas, como a mandioca, pelo guaraná. Em Urupadi, a três horas de barco de Maués, Francisco Alves Pereira, dono de 50 hectares, destina sete deles ao cultivo da planta. “Na safra de 2012, colhi um tonelada e meia”, diz satisfeito. Ele faturou R$ 33 mil. Vivendo com sua família praticamente isolados numa margem do rio Urupadi, ele não sofre os apelos do consumo e assim usa com parcimônia o dinheiro ao longo do ano. Ele vende toda a sua produção para a Ambev, que fabrica o Guaraná Antarctica.

A muda da planta, que custa R$ 7,00, ele recebe de graça da multinacional. Já o quilo do produto, vende a R$ 22,00 para a mesma indústria. “Nossa intenção é estimular o cultivo, elevar a produtividade, garantir a qualidade e perpetuar a cultura do guaraná na região”, diz Edvaldo Galetti, gerente da fábrica do Guaraná Antarctica em Manaus. Os mercados do guaraná são muitos, embora a maior parte da produção seja revertida para a indústria de refrigerante. As sementes, depois de torradas, podem ser moídas e vendidas em forma de pó ou bastão. São destinadas ainda à produção de chá, cápsulas ou xarope. Sempre para fins energéticos. Mas também têm larga aceitação no segmento de cosméticos. Índios da etnia predominante na região, os Saterê-Mawé, no entanto, chegam a vender sua produção orgânica a R$ 80,00 o quilo.

Rosevelt Hada deixou São Paulo há quatro anos para morar em Maués e trabalhar com guaraná na Fazenda Santa Helena, da Ambev. “A qualidade de vida aqui é excepcional”, assegura. Hada paga R$ 600,00 pelo aluguel da casa onde vive, mas já comprou um lote de 300 metros quadrados, por R$ 12 mil, para construir sua casa. “Hoje vale R$ 20 mil”, comemora.

O guaraná vem chamando atenção desde que se passou a associar a longevidade do povo amazônico ao uso diário de doses do produto. A semente tem vários fins medicinais, curando desde diarréia a dor de cabeça. É facilmente encontrado nas prateleiras de supermercados e das lojas de produtos naturais em todo o Brasil.

Fonte: Folha de Pernambuco

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