“Não foi à toa que 22 de abril foi escolhido para comemorar o Dia da Mandioca”, afirma Joselito Motta, pesquisador da Embrapa Mandioca e Fruticultura (Cruz das Almas, BA), Unidade da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária – Embrapa, vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.

Outro exemplo é o festival gastronômico “Comida di Buteco”, que este ano tem a mandioca como um dos ingredientes principais dos pratos concorrentes. São cerca de 400 botecos estarão competindo simultaneamente em 16 cidades.

Em 2014, a raiz vai fazer parte do projeto Alimentos do Brasil, coordenado pelo Ministério do Esporte e pela Embrapa para aproveitar a Copa do Mundo e promover e valorizar a produção agrícola brasileira. “O projeto prevê a distribuição de kits para comissões técnicas, jogadores, equipes de arbitragem e imprensa nacional e internacional, com publicações que mostram os benefícios nutricionais dos alimentos produzidos no Brasil”, explica Joselito Motta, pesquisador da Embrapa Mandioca e Fruticultura que idealizou a divulgação da mandioca durante a Copa.

“Cerca de 600 milhões de pessoas no mundo têm a mandioca como base da alimentação, a maioria na África. Só no Brasil, são praticamente um milhão de empregos diretos e R$ 7 bilhões gerados pela produção da raiz”, afirma Domingo Haroldo Reinhardt, chefe geral da Embrapa Mandioca e Fruticultura.

Características

A adaptabilidade da cultura a solos mais pobres e em regiões secas lhe confere uma resistência superior às lavouras de cereais, constantemente dizimadas pelas estiagens.

O conteúdo mais nobre da planta – a fécula ou goma – concentrado nas raízes torna-se uma alternativa de associação ao trigo, para redução de importações, e em fins industriais, a exemplo da mineração, exploração de petróleo, cosméticos, química fina, confeitaria e embalagens biodegradáveis ecologicamente corretas. Também pode ser empregada na confecção de inúmeras iguarias, como beijus tradicionais e coloridos (preparados com frutas e hortaliças), biscoitos, bolachinhas de goma, sopas, mingaus, tortas, pães, pudins e como coadjuvante em sucos. “Tudo isso pode ser usado na merenda escolar dos municípios, favorecendo, no campo, as organizações dos produtores, por meio de soluções próprias, com agregação de valor e sustentabilidade no meio rural”, afirma Joselito Motta.

O aproveitamento integral de raízes, ramos e folhas oferece um cardápio de carboidratos, proteínas (28 a 32%), minerais (ferro e cálcio) e vitaminas (A, B1, B2, B3 e C) para a alimentação humana e de recurso alimentar aos animais nos períodos críticos da seca, sob a forma de raspas de raízes desintegradas, feno e silagem.

Por não conter o glúten, proteína alergênica e de difícil digestão, a mandioca e seus derivados são também fontes de carboidrato para os celíacos – portadores de intolerância aguda ao glúten, presente no trigo, aveia, centeio, cevada e malte.

Pesquisa

A equipe de pesquisadores da Embrapa desenvolve projetos com o objetivo de obter variedades de mandioca com alto teor de betacaroteno e licopeno e baixo teor de ácido cianídrico para serem consumidos como mandioca de mesa (aipim ou macaxeira), que proporciona maior retenção das vitaminas.

Na área de transferência de tecnologia, uma ação de destaque é a “Rede de multiplicação e transferência de materiais propagativos de mandioca com qualidade genética e fitossanitária para o estado da Bahia – Reniva”, projeto liderado pela Embrapa e com foco no pequeno agricultor. “Não é uma ação imediata, mas vai estruturar a cadeia da mandiocultura para que, no futuro, o efeito das secas seja minimizado”, espera o pesquisador da Embrapa Mandioca e Fruticultura Carlos Estevão Cardoso, presidente do XV Congresso Brasileiro da Mandioca, que será realizado de 21 a 26 de outubro, no Bahia Othon Palace Hotel, em Salvador (BA), com o tema “Inovação e sustentabilidade”.