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MANDIOCA: Após sete meses em alta, preços recuam 8%

Influenciadas pela elevação da oferta, as cotações da mandioca têm registrado quedas expressivas neste ano


Publicado em: 04/02/2014 às 18:50hs

MANDIOCA: Após sete meses em alta, preços recuam 8%

Em janeiro, o valor médio da raiz caiu 7,7% frente ao de dezembro – essa média tem como base todas as regiões acompanhadas pelo Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), da Esalq/USP.

Pesquisadores do Cepea indicam que produtores postergaram a colheita para o início deste ano, esperando que a valorização da raiz, que já durava sete meses, se mantivesse. Além disso, alguns agricultores precisavam liberar áreas para outras culturas, como a soja e o milho, e/ou tinham necessidade de se capitalizar. Vale ressaltar, ainda, que parte da indústria de fécula esteve em recesso no início de 2014 e as farinheiras reduziram o ritmo de produção, minimizando a disputa pela matéria-prima.

Apesar da forte queda nos valores em janeiro, a média mensal das regiões acompanhadas pelo Cepea, de R$ 519,89/tonelada (R$ 0,9042/grama de amido na balança hidrostática de 5 kg, produto posto fecularia), superou em 49% a do mesmo período de 2013, em termos reais (valores deflacionados pelo IGP-DI de dez/13).

Vale lembrar que, em 2013, a produção de mandioca caiu consideravelmente e a demanda das empresas seguiu elevada, valorizando fortemente a raiz, que atingiu sucessivos recordes de preços. Em termos reais, a média acumulada no ano passado foi de R$ 381,69/t (R$ 0,6638/g), superando em 61,1% a de 2012, e a maior desde 2002, início da série do Cepea.
 
Com esse cenário, as baixas atuais já eram esperadas por agentes consultados pelo Cepea. Colaboradores indicam que o mercado busca um patamar de preço que viabilize a industrialização e, ao mesmo tempo, mantenha a rentabilidade dos agricultores.

Segundo pesquisadores do Cepea, a desvalorização da mandioca deve seguir até meados de abril. Apesar disso, a média de preço ainda deve seguir atrativa ao produtor. Mesmo assim, a área destinada à cultura pode se reduzir na próxima safra, já que os custos, especialmente com arrendamento, já estão maiores.

Fécula

A produção do derivado teve avanço de 13,3% em relação a dez/13, devido à maior disponibilidade de matéria-prima e à melhora do rendimento de amido. Assim, a quantidade de raiz processada pela indústria de fécula em janeiro foi a maior em cinco meses e elevou em 20% o estoque das fecularias.

A demanda, por sua vez, ficou restrita a frigoríficos e atacadistas, pressionando as cotações da fécula. A média mensal a prazo da tonelada de fécula de mandioca (FOB fecularia) foi de R$ 2.789,31 (R$ 69,73/sc de 25 kg) em janeiro, queda de 3,3% frente a dezembro, mas ainda 45,5% superior à de janeiro/13, conforme dados do Cepea.

Farinha

No mercado de farinha, a liquidez seguiu baixa em janeiro, com pouca participação de compradores nordestinos, visto que agentes já estavam abastecidos. As vendas também diminuíram no Sudeste e os preços se mantêm em queda desde dezembro/13.

A farinha de mandioca fina branca crua tipo 1 foi comercializada ao valor médio a prazo (FOB farinheira) de R$ 108,50/sc de 50 kg em janeiro, baixa de 7% na comparação com dezembro. A média caiu expressivos 8% no noroeste do Paraná por conta da maior oferta. Nas regiões paulistas de Assis e Campinas, as quedas foram de 7,8% e 6,8%, respectivamente.

Também com mercado mais lento, a farinha de mandioca grossa branca/crua tipo 1 teve média a prazo de R$ 87,46/sc de 40 kg, queda de 7,5% no mesmo período. As maiores desvalorizações também ocorreram no noroeste paranaense e nas regiões paulistas de Campinas e de Assis.