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Irrigação cresce apesar de limites para uso da água

Beneficiadas pela falta de chuva em parte do País e pela valorização das commodities, empresas do segmento de irrigação observam maior procura pelos seus produtos e falam em crescimento de 10% a 15% das vendas neste ano


Publicado em: 07/05/2012 às 17:20hs

Irrigação cresce apesar de limites para uso da água

Mas também dizem que a demanda por sistemas irrigatórios ainda não corresponde ao verdadeiro potencial do negócio - já que o agricultor brasileiro estaria, de certa forma, despreocupado com a função da tecnologia na produtividade.

"Há sazonalidade na busca pela irrigação", afirmou o gerente da Irriga Brasil, que trabalha com a marca Tigre, Carlos Timmerman Júnior, um especialista em motobombeadores e carretéis (espécie de mangueira irrigadora). De acordo com ele, houve casos em que as encomendas da empresa foram canceladas porque no lugar de destino voltou a chover.

Para Timmerman Júnior, há dois tipos de procura: a planejada e a improvisada: "Tem produtor que se antecipa -'ah, no ano que vem vai ter La Niña!'- e vai atrás do sistema de irrigação. Isso é coisa para ser pensada. Não adianta nada só na hora da seca o produtor correr atrás", disse o executivo, segundo quem uma implantação adequada leva cerca de um ano.

As vendas da Irriga Brasil oscilam ao gosto da demanda inconstante. Com a sazonalidade, variam de 100 a 400 unidades de motobombeadores por ano. Os contratos, de R$ 3 a 8 mil por implantação. Na visão de Timmerman, o mercado está aquecido, tendo como " determinante" o preço final das culturas agrícolas - não a seca, mesmo que seja recorrente em algumas regiões.

Cenários regionais

O representante técnico-comercial de outra empresa - que, como a Irriga Brasil, expunha os produtos do ramo na 19ª Feira de Tecnologia Agrícola em Ação (Agrishow), em Ribeirão Preto (SP), encerrada na sexta-feira -, Edno Celeghini, disse que a "demanda está muito grande no setor sucroalcooleiro, e há três anos o clima tem favorecido, com a falta de chuva, o mercado".

A procura por pivôs de distribuição e equipamentos de gotejamento de água, sem falar nas bombas, está forte na região Centro-oeste, segundo Celeghini. "O novo foco, em termos de fabricação, são as motobombas", disse ele. "Tem lugares em que a irrigação é só complementar; em outros, é plena", observou.

O coordenador-substituto da Secretaria Nacional da Irrigação, Valdir Juswiak, afirmou que as regiões produtoras mais desenvolvidas estão suficientemente irrigadas no Brasil. Mas questões financeiras, dificuldade de acesso às tecnologias e "o mito de que irrigar gasta água" ainda atrasam a massificação dos sistemas produtivos de uso agrícola da água.

Contudo, "há um grande crescimento [nas implantações] devido às necessidades atuais, em especial pelo agravamento do déficit hídrico, com a seca, e a busca pela produtividade", disse o representante, destacando que os estados do cerrado são os maiores participantes, atualmente, desse movimento.

"Agora, no sul, começa a chover e o pessoal não fica tão preocupado com irrigação", pontuou Celeghini. "No Paraná, vem a seca e depois esquecem", acrescentou. "O próprio Rio Grande do Sul há dez anos não falava em irrigação", disse, referindo-se à recente procura expressiva vinda daquela região. A Irriga Brasil registrou, neste ano, alta das consultas de gaúchos sobre os produtos, mas sem a realização efetiva de contratos, de acordo com Timmerman Jr.

Controle das águas

Localizada no interior do Paraná, a indústria de pequeno porte PVC fatura de R$ 12 a 15 milhões por ano e espera crescimento de 15% a 20% nas vendas de 2012. O portfólio da empresa é focado em tubulações, que, na implantação de um sistema de irrigação, representam cerca de 5% do investimento, segundo o representante paulista da companhia, Joaquim Cina - há quinze anos no ramo.

Para ele, o principal atraso para o desenvolvimento da irrigação no Brasil - que tem potencial para implantar a técnica em 35 milhões de hectares, segundo estimativas oficiais - é a dificuldade de se obter o direito de explorar rios e outras fontes: uma questão de preservação ambiental.

"A água de Goiás, em poços artesianos, já está sendo tarifada. E há um projeto para taxar os rios", comentou Cina. "O que barra [o desenvolvimento da irrigação no Brasil] é o problema da outorga de água, os limites para a exploração", opinou.

O mercado de sistemas irrigatórios pode ter movimentado, em 2010, R$ 2 bilhões no País, segundo uma estimativa da Associação do Sudoeste Paulista de Irrigantes e Plantio na Palha (Aspipp).

Fonte: DCI - Diário do Comércio & Indústria

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