Publicado em: 20/11/2013 às 17:40hs
A estimativa é que as indústrias moageiras recorram ao mercado interno para tentar garantir o abastecimento para a produção de fim de ano, já que o embargo à importação da amêndoa da Costa do Marfim continua vigente.
Até outubro deste ano, as indústrias compraram do exterior 24,4 mil toneladas, volume 65% menor com relação ao importado no mesmo período do ano passado, de acordo com dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior.
No ano passado, o grande volume importado pela indústria instalada no Brasil, quase 84 mil toneladas, causou um superabastecimento dos estoques das indústrias. As compras no exterior irritaram os produtores nacionais, que viviam no mesmo uma safra recorde, que ficou mais difícil de ser comercializada. Alguns produtores do sul da Bahia chegaram a protestar queimando 20 sacas do fruto pedindo a redução das importações.
Durante este ano, o cacau excedente nos estoques garantiu o processamento das indústrias até o momento, reduzindo a necessidade de importação. Mas o preço do cacau tem reagido neste segundo semestre. "Eles entraram na safra com um superestoque, fizeram uma previsão de entrada e ela furou. Agora, a indústria está louca atrás de cacau. Nesse momento eles estão desabastecidos e os prêmios devem subir muito daqui para janeiro", observa Adilson Reis, analista do Mercado do Cacau.
Quebra de safra
Na Bahia, onde a produção representa cerca de 70% da produção nacional, os cacaueiros já chegaram a negociar neste mês a arroba do fruto por R$ 100, e nesta semana o preço gira em torno de R$ 93. Em julho, o preço ao produtor chegou a variar em R$ 75 a arroba, abaixo do custo de produção, avaliado em R$ 90 a arroba.
Porém, a vassoura-de-bruxa, que se intensificou neste ano por causa da maior incidência de chuvas, deve reduzir os ganhos dos produtores rurais baianos. Segundo o presidente do Sindicato Rural de Ilhéus, Milton Andrade, só a safra temporã no estado, colhida entre março e setembro, sofreu uma quebra de 20%, e a safra cheia do fruto deve ser 30% menor com relação à produção do ano passado, com 25% de redução da produção no total. Em números, isso significa que os agricultores baianos devem retirar dos pés 130 mil toneladas até o fim do ano, ante 167 mil toneladas colhidas em 2012.
Por causa das chuvas, a colheita do cacau na Bahia começou mais cedo neste ano, em setembro, e na maior parte do estado deve se encerrar em pouco mais de um mês, segundo o cacaueiro e secretário-executivo da Câmara Setorial do Cacau da Bahia, Isidoro Gesteira. Para o produtor, a quebra na safra deve ser ainda maior, em cera de 40%, o que vai deixar os produtores sem o fruto no momento de alta do mercado, no começo do próximo ano, que é o período de entressafra. "O preço reagiu e isso melhorou um pouco, mas não é a solução, porque o produtor não tem o cacau para vender", afirma Gesteira, que reclama ainda da falta de linhas de financiamento do governo para os produtores de cacau.
Pará em ascensão
Já no Pará, onde a regularidade das chuvas permite uma colheita quase intermitente da amêndoa, a produção pode ficar acima dos 80 mil toneladas do último ano e chegar a 90 mil toneladas. Em Medicilândia (PA), maior município produtor de cacau do País, com 30 mil toneladas colhidas ao ano, o produtor Ademir Venturini, deve manter sua produtividade de 1,3 quilogramas por pé ao ano e fechar 2013 com 19,5 toneladas colhidas. Segundo Venturini, que dirige uma cooperativa local de cacaueiros, "com a perspectiva de plantar novas árvores e com algum melhoramento de tratos culturais, deve ampliar produção por área", aumentando a produção do estado.
Fonte: DCI
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