Dois importantes órgãos - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) - revisaram para baixo a estimativa de safra no País. Segundo o IBGE, a safra brasileira de grãos em 2012 deve ser 0,7% menor do que a safra de 2011. A produção de cereais, leguminosas e oleaginosas para 2012 está estimada em 158,7 milhões de toneladas.
A produção anunciada hoje é 1% inferior ao prognóstico da safra 2012 apurado em dezembro (160,3 milhões de toneladas). Esta redução decorre da estiagem na região Sul do País.
A área a ser colhida em 2012 deve somar 50,6 milhões de hectares, um aumento de 4% em relação à área em 2011. Esta área é recorde para a pesquisa, cuja série histórica inicia em 1975.
O IBGE também confirmou hoje o resultado completo da safra de 2011, que deve ficar em 159,9 milhões de toneladas, conforme antecipado no Levantamento Sistemático da Produção Agrícola (LSPA) de dezembro.
O recuo de 0,7% na estimativa de safra de 2012 contra 2011, foi causado por problemas de produtividade nas culturas de grãos este ano, prejudicadas por problemas climáticos. Segundo o gerente da Coordenação de Agropecuária do instituto, Mauro Andreazzi, a redução teria sido mais forte, não fosse projeção de área plantada recorde para este ano (50,6 milhões de toneladas). "A produtividade está sendo afetada pela estiagem, pela falta de água. Apesar de área maior, faltou água no momento em que a planta mais precisava", frisou.
No entanto, o especialista não considera impossível uma reversão neste quadro de queda, contra a produção de 2011. Ele destacou que o ano está apenas começando. Muitas culturas ainda estão por vir, como as de segunda e terceira safra, e as de inverno. "Não estamos muito longe do patamar observado no ano passado e estamos aumentando áreas de produção nas regiões que está chovendo", comentou.
O IBGE apurou aumentos nas estimativas de produção para 2012 ante o desempenho de 2011 em apenas oito de 26 produtos da safra brasileira. É o caso das projeções nas produções de algodão herbáceo em caroço (1,5%), café em grão - arábica (13,5%), café em grão - conillon (3,1%), cana-de-açúcar (8,8%), feijão em grão 2ª safra (16,2%), mamona em baga (34,2%), milho em grão 1ª safra (0,2%) e milho em grão 2ª safra (29,1%).
Conab
A produção brasileira de grãos na safra 2011/12, em fase de colheita em algumas áreas, deve ficar em 157,06 milhões de toneladas, representando queda de 3,5% (5,77 milhões de toneladas a menos), em comparação com o período anterior (162,84 milhões de toneladas). Os dados fazem parte do quinto levantamento realizado pela Conab.
Em comparação com o quarto levantamento, realizado em janeiro, houve uma redução de 0,88% ou 1,379 milhão de toneladas a menos. A Conab informa em comunicado que a queda é atribuída a fatores climáticos adversos, como a seca que atingiu principalmente a Região Sul do País.
As culturas de maior peso na produção - milho e soja - representam 83% de toda a safra, com um volume de 130,059 milhões de toneladas.
A área cultivada na safra 2011/12 deve ficar em torno dos 51,52 milhões de hectares, com um crescimento de 3,3% sobre os 49,88 milhões de hectares da safra anterior. Isto representa um aumento de 1,63 milhão de hectares. Segundo a Conab, a ampliação se deve basicamente ao milho primeira safra (9%) e segunda safra (13,6%) e à soja (2,4%).
Em compensação, o arroz teve redução de área, para 2,563 milhões de hectares. Houve perda de 257,6 mil hectares ou 9,1% em relação ao cultivo anterior, quando chegou a 2,820 milhões de hectares. A queda maior atinge o Rio Grande do Sul, que deixa de cultivar 118,6 mil hectares.
O feijão primeira safra também teve queda. Em relação ao cultivo anterior de 1,420 milhão de hectares, houve uma redução de 149,9 mil hectares. O maior produtor nacional, o Paraná, deixou de cultivar 98,1 mil hectares em comparação à safra anterior, quando semeou 344,1 mil hectares. O feijão segunda safra começou a ser semeado a partir do fim de janeiro.
A Conab observa que, no caso da Região Nordeste, o quinto levantamento considerou apenas o oeste da Bahia, o sul do Maranhão e sul do Piauí. E para a Região Norte, foram considerados somente os Estados do Tocantins e de Rondônia. As demais regiões mantiveram as áreas da safra anterior, uma vez que o plantio só é feito após o início das chuvas.
Logo mais, às 10 horas, a estimativa será detalhada pelo secretário de Política Agrícola, do Ministério da Agricultura, Caio Rocha e pelo diretor de Política Agrícola e Informações da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), Silvio Porto.
Estiagem
A forte estiagem iniciada em novembro do ano passado reduziu a produtividade das lavouras de soja em 15,1% na Região Sul em relação à previsão inicial e em 25,0% sobre o rendimento obtido em 2010/11, ano em que a produtividade atingiu o recorde de 3.124 quilos por hectare. A produção estimada em dezembro, de 24,1 milhões de toneladas, caiu para 21,35 milhões de toneladas, menos 11,4%. Em relação à safra anterior, quando foi produzida a maior safra na Região Sul, de 28,5 milhões de toneladas, a redução é de 25,2%, ou menos 7,19 milhões de toneladas.
No Rio Grande do Sul, as condições climáticas desfavoráveis, como chuvas escassas e temperaturas elevadas, iniciadas a partir de meados de novembro, causaram perdas ao desenvolvimento da cultura, como diminuição do porte das plantas e ambiente propício para o surgimento de pragas. Os cultivares semeados no mês de outubro estão entrando na fase de floração e necessitando de água para o seu desenvolvimento. O porte das plantas está bastante baixo, justificando a estimativa de redução na produtividade em 28,9% (3,35 milhões de toneladas).
No Paraná as perdas são estimadas em 23,3% (3,6 milhões de toneladas), por causa da estiagem entre dezembro e meados de janeiro, período em que grande parte das plantas se encontrava em floração e enchimento de grãos, fases em que necessita de água para a sua evolução. As chuvas ocorridas a partir de 12 de janeiro, de modo geral, estão favorecendo as lavouras, sobretudo, as que se encontravam na fase de crescimento. Por outro lado, entre as que se encontravam nas fases críticas, floração e granação, as perdas são irreversíveis.
Em Santa Catarina as chuvas ocorridas nos meses de novembro e dezembro e parte de janeiro ficaram abaixo da média, sobretudo no extremo oeste do Estado, situação que causou desenvolvimento irregular das plantas, floração irregular com abortamento de flores e frutificação com vagens sem uniformidade. Na área mais ao centro do Estado, as chuvas mais regulares amenizaram parte das perdas estimadas atualmente em 16,0% (238,4 mil toneladas).