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Especialista faz alerta sobre ameaças à agricultura de conservação

Manejo adequado e adoção integral de técnicas da agricultura de conservação são essenciais para a preservação do solo


Publicado em: 10/05/2013 às 12:20hs

Especialista faz alerta sobre ameaças à agricultura de conservação

A mensagem foi reforçada pelo consultor e pesquisador Rolf Derpsch, na conferência “Sistemas conservacionistas de produção: como assegurar a sua sustentabilidade?”, que iniciou os trabalhos da 3ª Reunião Paranaense de Ciência do Solo, na última terça-feira (07/05), em Londrina.

Alerta - Amparado por uma vasta experiência como consultor e pesquisador, Rolf Derpsch lançou um alerta sobre a necessidade da adoção adequada das técnicas do sistema de plantio direto. “Em 2011, 88% das áreas no Paraná eram cultivadas no plantio direto. Mas é preciso perguntar: qual a qualidade implementada?”, questiona. Segundo ele, uma das principais ameaças à preservação do solo está sendo observada também em áreas de plantio direto, sistema reconhecido como uma das principais armas para enfrentar a degradação do solo. “A erosão está ocorrendo nessas áreas, o que é preocupante”, afirma.

Métodos inadequados - A situação, como explica, é resultado de métodos inadequados de cultivo e de um manejo insustentável. “Alguns produtores têm preocupação com o lucro rápido e imediato e não pensam nas consequências”, afirma. “Não enxergam os danos que estão provocando e não pensam no futuro dos filhos”, critica. Derpsch afirma que os agricultores se iludem com a erosão, avaliando que o aparecimento em pequenas áreas não é ameaça. O consultor alerta que o processo é lento e os efeitos negativos muitas vezes só serão percebidos depois de uma geração.

Ameaças - Falando a uma atenta plateia, Derpsch enumerou as ameaças à sustentabilidade dos sistemas conservacionistas de produção. A primeira é a utilização unilateral e excessiva do glifosato, que provoca resistência de novas espécies de plantas daninhas ao herbicida. Para enfrentar a questão, o consultor indica a adoção do controle integrado de plantas daninhas, como a rotação de culturas, que implica também na rotação de herbicidas.

Plantio direto - Execução deficiente do sistema de plantio direto também é destacada pelo consultor como prejudicial à agricultura de conservação. Ele cita a monocultura da soja, falta de diversidade adequada, insuficiente cobertura do solo, períodos do ano sem culturas ou com cobertura morta insuficiente, utilização de plantas de cobertura e adubação verde insuficiente.

Outros fatores - Além disso, são citados a distribuição deficiente de resíduos pelas colheitadeiras, eliminação indiscriminada ou a não existência de terraços, excessivo revolvimento do solo no plantio, falta de continuidade pela interrupção periódica do sistema, deficiências no manejo e aplicação do sistema de integração lavoura pecuária, diminuição da fertilidade do solo pela utilização de técnicas inadequadas, aplicação parcial dos princípios da agricultura de conservação e perdas (emissão) em vez de ganhos (sequestro) de carbono no solo.

Medidas - Para o enfrentamento da questão, Derpsch considera imperativo adotar algumas medidas. Primeiro, a eliminação de todo e qualquer preparo do solo e a diminuição do revolvimento do solo no plantio. Também indica a aplicação permanente do plantio direto; evitar a ocorrência de erosão; adição de 8 a 12 toneladas por hectare, pelo menos, de biomassa seca ao solo; eliminação da monocultura de soja; adotar a rotação de culturas com a maior intensidade possível e adotar práticas para aumentar os teores de matéria orgânica no solo por meio do sequestro de carbono, ou manter valores elevados de carbono no solo.

Continuidade - A conferência de João Carlos de Sá deu continuidade ao tema. Ele falou sobre “A qualidade do solo em sistemas conservacionistas de produção”, que foi seguida de debate.

 Palestras  - No período da tarde, a programação prosseguiu com palestras. Às 14 horas, houve a palestra “O uso do solo em sistemas conservacionistas de produção”, com Augusto de Araújo, diretor técnico-científico adjunto do Iapar. Também às 14 horas, a pesquisadora Tangriani Assmann, da Universidade Técnica Federal do Paraná (UTFPR), de Pato Branco, falou sobre “Uso do solo em sistemas conservacionistas para o cultivo de pastagens”. Assmann destacou a importância das práticas para reduzir o processo de degradação das pastagens, como correção e adubação do solo. A pesquisadora chama a atenção sobre a importância da atividade pecuária e lembra que no máximo 3% dos corretivos utilizados na agropecuária são aplicados no cultivo de forrageiras.

 Mais temas  - Às 14h40, o pesquisador Pedro Antonio Auler, do Iapar de Paranavaí, abordou o “Uso do solo em sistemas conservacionistas para o cultivo de perenes”. Às 15h50, o pesquisador Volnei Pauletti, da Universidade Federal do Paraná (UFPR) fez a palestra “Uso do solo em sistemas conservacionistas para o cultivo de culturas anuais”.

 Promoção  - A 3ª Reunião Paranaense de Ciência do Solo é promovida pela Sociedade Brasileira de Ciência do Solo - Nepar, com organização do Iapar. Apoiam o evento, o Londrina Convention & Visitors Bureau, Emater, Embrapa, Secretaria de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, CAPES, Fundação Araucária, UEL, UEM e UEPG.

Fonte: Assessoria de Imprensa do Iapar

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