Publicado em: 06/10/2025 às 13:30hs
A agricultura regenerativa deixou de ser uma pauta restrita a especialistas em sustentabilidade e se tornou uma das apostas mais promissoras para grandes fundos de investimento. A combinação de escalabilidade, impacto socioambiental e retorno financeiro de longo prazo tem atraído capital global para o setor, segundo o CEO da Arara Seed, Henrique Galvani.
O país possui cerca de 164 milhões de hectares de pastagens, de acordo com o MapBiomas. Uma parte significativa dessas áreas está degradada ou subutilizada. Estudo da Embrapa aponta que 28 milhões de hectares em condição intermediária ou severa têm alto potencial para conversão em lavouras de grãos.
Essa transformação poderia gerar impactos expressivos:
O governo brasileiro já estruturou iniciativas para acelerar a regeneração produtiva. O Programa Nacional de Conversão de Pastagens Degradadas pretende recuperar 40 milhões de hectares em 10 anos, demandando cerca de US$ 60 bilhões (R$ 320 bilhões) em investimentos.
Instrumentos financeiros inovadores, como o leilão de hedge cambial do Eco Invest Brasil, mobilizaram mais de R$ 30 bilhões com apoio de dez bancos, criando segurança para investidores internacionais. A primeira fase do programa já começou, com expectativa de atender até 3 milhões de hectares em áreas de maior degradação e aptidão agrícola.
Consumidores e mercados internacionais influenciam diretamente a adoção de sistemas regenerativos. Na Europa e Estados Unidos, contratos agrícolas já exigem critérios de rastreamento e sustentabilidade, e o Brasil, como grande exportador de alimentos, precisa se adaptar para manter competitividade.
Além de ser sustentável, o sistema regenerativo oferece solos mais férteis e biodiversidade, aumentando a capacidade de retenção de água, protegendo contra erosão, pragas e doenças. Essas características tornam as lavouras mais resilientes a eventos climáticos extremos e, ao mesmo tempo, mais atrativas para investidores que buscam estabilidade em um setor historicamente volátil.
A transição exige investimentos elevados com retorno de médio a longo prazo. Plataformas de investimento coletivo, fundos de impacto e mecanismos inovadores, como green bonds, CRA verde e crowdfunding regulado, tornam-se estratégicos para conectar capital a projetos reais de regeneração produtiva.
Segundo especialistas, a agricultura regenerativa não é apenas o futuro do agro brasileiro, mas uma tese de impacto bilionária, que combina segurança alimentar, valorização patrimonial e mitigação climática. Com sua escala agrícola e áreas degradadas, o Brasil tem a oportunidade de liderar a maior transformação produtiva e ambiental do século.
Fonte: Portal do Agronegócio
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