Publicado em: 06/03/2014 às 18:00hs
O desequilíbrio entre a oferta e a procura por tomate, por exemplo, fez o preço da caixa de 20 quilos subir 80%, passando de R$ 50 para R$ 90 nas vendas por atacado nas Centrais de Abastecimento do Distrito Federal (Ceasa). No ano passado, por volta dessa mesma época, o aumento dos preços do produto transformou-o num dos principais vilões da disparada da inflação ocorrida no período. Agora, a situação ameaça se repetir.
O diretor técnico e de Operações da Ceasa, Everaldo Firmino de Lima, explicou que as chuvas prejudicaram parte da produção de tomate em algumas regiões, e quem ainda tinha estoque preferiu vender para estabelecimentos de Rondônia e do Acre em busca de preços mais atrativos. Esses estados sofrem com o desabastecimento ocasionado pelas chuvas, que têm impossibilitado o acesso de veículos.
Pressão
Lima destacou que isso acarretou redução da oferta da fruta no DF, fator que contribuiu para a elevação de preços. O diretor da Ceasa também comentou que outros alimentos, como a vagem, a couve-flor e a Batata-doce encareceram, mas, nesses casos, em virtude da entressafra que ocorre tradicionalmente entre dezembro e março.
Em outras regiões do país, como Belo Horizonte, o problema é a seca prolongada. Pierre Vilela, coordenador da Assessoria Técnica da Federação da Agricultura de Minas Gerais (Faemg), explica que muitos produtores do estado que não utilizam a irrigação esperaram as chuvas de janeiro para plantar o tomate, mas, como elas não vieram, desistiram do cultivo. "Por isso, pode haver oscilações no preço até que a oferta seja regulada com o fornecimento do produto vindo de outras regiões", disse. Em alguns supermercados da capital mineira, o produto subiu mais de 75% em uma semana.
O professor do Departamento de Economia Aplicada da Universidade Federal de Lavras (Ufla) Ricardo Reis disse que o estio pode afetar o preço das hortaliças, e uma menor colheita de Milho, atingir o custo das carnes. No entanto, ele acredita que a pressão dos alimentos sobre o custo de vida será menor em 2014 do que o observado no ano passado. "Ainda temos a expectativa de uma colheita recorde de grãos", disse. Para ele, os grandes vilões devem ser os serviços, como hospedagem e transporte. "Os eventos esportivos devem pressionar a inflação dos serviços", observou.
Molho caro
O educador físico Carlos Eduardo de Souza Menezes costuma comer carboidratos em sua dieta. Entre os pratos principais, destaca-se o macarrão acompanhado de molho de tomate. Ao se deparar com o preço do produto em um dos supermercados de Brasília, ele não abriu mão do ingrediente, mas resolveu reduzir a quantidade para preparar o molho.
Na avaliação de Menezes, o consumidor é penalizado sempre que ocorre qualquer problema na oferta dos produtos. "O preço está um absurdo. Infelizmente, sou refém desse custo porque não consigo comer massa sem molho de tomate", disse. Mesmo na promoção, o quilo saiu por R$ 5,89. A dona de casa Solange de Freitas costuma preparar saladas e outras receitas com a fruta. Ela passou a fazer o mesmo que Carlos: diminuiu a quantidade do produto da lista de compras. "O preço está assustador", afirmou.
Seca prejudica Soja e Milho
O tempo quente e seco do início do ano nos estados do Centro-Sul reduziram a estimativa de colheita de Milho e de Soja, segundo a empresa de previsão de safra Lanworth. No caso da Soja, a previsão nacional foi reduzida de 90,2 milhões para 87,7 milhões de toneladas, devido a perdas em São Paulo, Paraná e Minas Gerais e Goiás. Mesmo assim, a produção ainda será recorde. Para o Milho, a projeção caiu de 71,6 milhões para 70,6 milhões de toneladas.
Fonte: Correio Braziliense
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