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CEVADA: Produtores do Paraná rumo ao mercado futuro

A partir desta temporada, os produtores de cevada do Paraná devem olhar com mais atenção para a Bolsa de Chicago (CBOT), onde são formados os preços das principais commodities agrícolas


Publicado em: 06/08/2013 às 16:30hs

CEVADA: Produtores do Paraná rumo ao mercado futuro

A indústria cervejeira que atua no estado e consome mais de 90% da produção local, decidiu estabelecer nova política de comercialização do grão. Vai permitir que os negócios do cereal sejam balizados pelo mercado futuro. Os preços do trigo serão usados como referência, já que não há cevada nos negócios da bolsa norte-americana. Ambos os produtos têm praticamente o mesmo calendário de plantio, colheita e comercialização.

Temporadas anteriores - Nas temporadas anteriores, o valor pago pela cevada era definido pela empresa compradora no início do ciclo, ainda quando as sementes estavam ganhando o solo. Agora, o produtor tem da data de assinatura do contrato até o dia 23 de novembro para escolher o melhor momento para fixar volume e valor da venda do produto.  “Usar a bolsa é um avanço como trocar a enxada por um trator. Vai permitir que o produtor faça melhores negócios”, avalia Luiz Carlos Pacheco, analista da consultoria Trigo e Farinhas.

Política de incentivo - A iniciativa faz parte da política de incentivo ao plantio de cevada da Ambev, que busca autossuficiência da principal matéria-prima usada. Além do Paraná, quatro regiões do Rio Grande do Sul (Norte, Planalto, Centro e Sul) poderão vender a produção no novo modelo. Os dois estados são considerados celeiros da cevada. De acordo com projeções da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a safra paranaense deste ano irá render 181 mil toneladas, enquanto a gaúcha deve chegar a 120 mil toneladas. Hoje, a empresa importa 40% da cevada utilizadas nas suas indústrias, principalmente da Argentina e, em eventual insuficiência, da Europa.

Autossuficiência - “Trabalhamos para ser autossuficiente. Temos ensaios em Londrina e Cascavel para ampliar o leque de fornecimento. Além disso, há vastas áreas para expansão nos Campos Gerais, região que o clima favorece. Nossa projeção é 20% de crescimento da produção paranaenses ao ano“, aponta Dércio Oppelt, especialista agronômico da multinacional.

  Autonomia   - Ele lembra ainda que o produtor terá autonomia para fazer a opção de travar parte da produção com o preço fixo e outra com os valores da bolsa. Atualmente, os fornecedores são obrigados a comprar sementes da empresa, que justifica a condição como forma de garantir pureza e qualidade da cevada.

  Aval   - A nova fórmula de negociar a cevada interessou ao produtor Fábio Schmidt, de Ipiranga, na região dos Campos Gerais, envolvido com a atividade desde 1975, quando seu pai ingressou na cultura. Como é a primeira experiência, ele optou por uma fórmula mais conservadora e irá vender 25% da produção com base no mercado futuro. Os três quartos restantes foram fixados ao preço de R$ 31,20 por saca. Ontem, a cotação do trigo em Chicago era equivalente a R$ 33,31 por saca.

  Acompanhamento diário - “O sistema é interessante porque permite acompanhar o mercado diário e travar na alta. Como é o primeiro ano, para não correr risco, fixei a maior parte para pagar os custos de produção. Mas a intenção é escalonar nos próximos anos até chegar a 100% da produção por Chicago”, afirma. Ele destinou 400 hectares da sua propriedade de 1,1 mil hectares para cevada neste ano e tem expectativa de produzir duas mil toneladas.    

Cooperativas vão aderir ao novo comércio

Cooperativas que entregam a produção para as indústrias da Ambev aprovaram o novo modelo de comercialização proposto pela multinacional. A Agrária, no distrito de Entre Rios, em Guarapuava, decidiu precificar a produção dos associados entregues à indústria de cerveja no mercado futuro. De acordo com o gerente agrícola da cooperativa, André Luiz Spitzner, “o novo sistema tem ligação com a realidade”. “É um método diferente e vamos ver como vai funcionar. Vamos definir lotes e, conforme o preço bater, vendemos”, diz Spitzner. A Agrária vai aumentar em 22% o volume vendido para a indústria de bebidas.

Negociação - A cooperativa Protecta, dos Campos Gerais, também irá negociar a produção dos 80 associados no mercado futuro. Neste primeiro ano, 25% das 20 mil toneladas previstas serão  negociados pelo modelo novo e os 75% restantes foram fixados ao preço de R$ 520 por tonelada. “O valor fixado paga os custos de produção [R$ 800 por hectare]. O que vendermos na bolsa será lucro”, explica o sócio diretor da Protecta Fábio Schmidt.

Trigo - O trigo deve manter preços altos até o final do ano. A produção mundial sofreu retração de 42 milhões de toneladas na última safra. Rússia, Argentina e Austrália tiveram problemas de produção. A oferta escassa do produto já foi considerada nos preços atuais do produto. Incentivados pelos bons preços os produtores ampliaram em 20% a área plantada no estado em 2013/14, para 940 mil hectares. Com as geadas das últimas semanas, os analistas de mercado indicam que os preços voltaram a subir, e devem permanecer elevados até dezembro.

Fonte: Gazeta do Povo

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