Publicado em: 21/10/2013 às 20:10hs
Para substituí-la, os esforços se dirigiram para a indústria, o agronegócio, as exportações e os serviços. Assim, a agricultura e a pecuária passaram a representar apenas 8% na composição de seu Produto Interno Bruto.
As atividades agrícolas e pecuárias são relevantes nas regiões cujas estações das chuvas ocorrem com regularidade. No semiárido nordestino, no entanto, a cada ano, há sempre a possibilidade de estiagem prolongada, desmantelando a estrutura de produção construída com o engajamento de grandes e pequenos produtores. Nesse jogo lotérico, a agricultura familiar é quem mais sofre.
As irregularidades climáticas registradas em 2010, 2012 e 2013 intensificaram, cada vez mais, as baixas na produção e na produtividade agrícolas. O Levantamento Sistemático da Produção Agrícola, elaborado pelo IBGE, comprovou perdas na safra agrícola do ano em curso da ordem de 78% no Ceará. A produção remanescente se deve às áreas contempladas com irrigação e técnicas modernas de tratos agrícolas.
O Grupo de Coordenação das Estatísticas Agropecuárias do Ceará, mantido no IBGE, vem acompanhando, sistematicamente, as oscilações na produção primária, constatando, nos últimos 18 anos, as melhores safras agrícolas em 2011, 2008, 2006, 2003 e 2000. Paralelamente, as estiagens predominaram nos anos 2013, 2012, 2010, 2001 e 1998.
Com a sequência de invernos irregulares, intercalados por alguns anos de maior pluviosidade, a expectativa de produção de grãos, este ano, está estimada em 286 mil toneladas. Os levantamentos indicam queda nas safras de algodão herbáceo de sequeiro, amendoim, arroz, batata doce, feijão de arranca, feijão de corda, milho, melancia, cana-de-açúcar, mamona e mandioca.
Enquanto a produção agrícola e pecuária vem caindo continuamente, outro fator agravante a ela se junta com risco iminente para o Estado: o desaparecimento dos estoques d´água armazenados nos açudes, pelo fenômeno da evapotranspiração. O risco de colapso no suprimento hídrico é uma realidade, não se antevendo qualquer providência para atenuar o problema, agora ou no futuro próximo, como o avanço nas obras de transposição das águas do Rio São Francisco para o Nordeste seco.
Os efeitos negativos da estiagem do ano passado se refletiram na Pesquisa Nacional por Amostra Domiciliar. O setor agrícola concentra a maior porcentagem de trabalhadores com o pior rendimento no Estado. O campo reúne a maior quantidade de trabalhadores com idade acima de 15 anos ganhando a menor remuneração.
Dos 3,9 milhões de trabalhadores ocupados no campo, a maioria percebeu, como remuneração, um salário mínimo. Poucos segmentos alcançaram cinco salários mínimos. Tudo isso, sem a formalização do contrato de trabalho, como exige a legislação laboral. Pela falta de perspectivas no campo, esses trabalhadores vem migrando para as cidades.
Uma delegação cearense está embarcando para Israel, em busca da celebração de memorandos para a importação de modelos de agricultura irrigada, reúso da água e tratamento de sistemas de água e esgotamento sanitário. Naquele país, a maior parte desértico, chove menos de 20% das precipitações registradas no Ceará. Suas experiências para aproveitamento da água são notáveis e podem ter aplicação local.
Fonte: Diário do Nordeste
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