Publicado em: 08/03/2013 às 15:00hs
As dificuldades de movimentação da safra recorde de grãos em 2013 tem sido tema de discussões e estudos que estão sendo levados ao governo federal. Para a entidade, está sendo um enorme desafio transportar as 81 milhões toneladas de soja, além das outras 73 milhões de toneladas de milho e mais 28 milhões de toneladas de outros grãos para os centros de consumo e portos de exportação.
Problemas estruturais de infraestrutura logística têm sido amplamente debatidos, mas a solução ainda está longe de contribuir para o aumento de competitividade da produção agropecuária brasileira. As distâncias são longas, o transporte hidroviário é precário e os fretes rodoviários e ferroviários são elevados no Brasil, porque a demanda por serviços de logística de transporte é maior do que a oferta. De acordo com a Abag, as transportadoras não conseguem atender à demanda crescente e sazonal do agronegócio, entre outros motivos, devido à insuficiência da malha ferroviária e rodoviária e da qualidade precária das vias.
Assim, a produção de grãos enfrenta neste ano o desafio de movimentar uma safra recorde, que coincide com a implementação da Lei 12.619/2012, que dispõe sobre a jornada de trabalho dos caminhoneiros. Para a associação, o risco geral de se implementar plenamente essa legislação, ou seja, modificar estruturalmente o 'modus operandi' sem o tempo adequado para ajustes, como o aumento da frota e treinamento de mais caminhoneiros, pode aprofundar o desequilíbrio entre oferta e demanda por serviços de transporte. E, em consequência, encarecer produtos gerando impacto sobre os preços ao consumidor.
O diretor executivo da Abag, Eduardo Soares de Camargo, disse que o produtor brasileiro reclama da logística e com toda a razão. 'Eles estão insatisfeitos com o custo de frete, os impostos, a demora dos navios para poder embarcar as mercadorias e a falta de investimentos em ferrovias, rodovias e hidrovias'. Ele explica que em países como a Argentina e os Estados Unidos o custo do transporte da produção varia de 15 a 18 dólares por tonelada, mas no Brasil fica em torno de 83 dólares. 'Isso faz você perder competitividade, ter margem de resultado pequena e ainda trava todo o seu investimento'.
Medidas
Camargo aponta que seriam necessárias diversas ações a médio e longo prazo para reverter essa situação. Ele conta que o setor já fez um 'raio X' da situação, mas que essa estrutura necessária não é feita pela iniciativa privada. 'Questões que envolvem, por exemplo, ferrovias, rodovias e esquemas portuários dependem do governo federal'. Ele diz que os problemas foram detectados e é preciso que o governo implante algumas medidas. 'Ele até está tentando, mas a velocidade com que consegue fazer algo é muito abaixo do necessário'.
O diretor da Abag cita as ferrovias anunciadas pelo governo. 'Isso depende de ajustar a malha, de desapropriações e aí entram questões como o meio ambiente e uma série de outros complicadores que acabam dificultando e alongando o tempo para que a solução apareça'. Segundo ele, mais urgente que isso é resolver a situação do frete, que hoje é o maior problema para escoar a produção. 'Você já paga um frete caro e que somente aumenta quando se chega às filas dos portos, que não têm condição de suportar a produção brasileira'.
Fonte: Agência Estado
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